Um novo Exodus?

Ao longo de várias páginas do velho testamento da Bíblia, é relatada a migração do povo hebreu em busca da terra prometida. Essa migração inicialmente fora conduzida por Abraão e, posteriormente, pelo guerreiro Moisés após a libertação do povo egípcio, sob a  suposta orientação de um deus único, contrariando o politeísmo vigente até então existente nas culturas antigas.

Milhares de escravos do regime egípcio aventuraram-se pelo deserto atravessando o Mar Vermelho e que nesse percurso , segundo Deuteronômio, muitas vezes iam aniquilando outras tribos assentadas no trajeto, abrindo espaços territoriais rumo à Canaã. Terra rica em mel, uvas e outras frutas, daí a origem do nome e onde hoje se situam os estados de Israel, Palestina, Líbano e Síria, espremidos entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão.


Séculos de conflitos religiosos, querelas políticas, sucessivas mortes e sofrimentos e onde se vive em permanente estado de penúria é o que se apresenta no Oriente médio, não apenas na atualidade. A estupidez, contudo, de líderes, mantém essa avassaladora horda de escravos pós-modernos a escarificar seus corpos nus sob o escaldante sol do deserto para a extração de lucros não repartidos, pois que ali se esconde boa parte do combustível fóssil do planeta, mola propulsora ainda de suposto desenvolvimento. 

A “primavera árabe” espocou há alguns anos, porém, o que vimos e o que presenciamos, tem sido a inconteste substituição de opressores por outros tantos opressores, levando de milhares a milhões de pessoas a buscar, sem qualquer Abraão, Moisés ou outra liderança, a condução e o assentamento numa terra prometida.

Náufragos, através de um Mar Mediterrâneo frio, de ondas suaves às vezes suaves e de um azul turquesa profundo a depositar em suas praias límpidas os corpos ainda imaculados de crianças, esmorecer as esperanças infecundas de mulheres ou as chamas morredouras e apagadas de seus idosos.


Um novo Êxodo se processa nas longas colunas de escravos fugidos, além-terra, além-mar, convivendo com as tribos modernas dos povos da Europa ocidental. Tribos essas traiçoeiramente hostis aos descendentes de hebreus, sírios, gregos, turcos e árabes, em sua rota para o mar do Norte.

Nenhuma Nova Aliança se anuncia na remissão de qualquer desvelo moral. Em nenhuma tábua se inscreve qualquer lei que não seja, na atualidade, a do interesse precípuo sobre o gás e o petróleo, sob a hegemonia perversa das armas.
Estertores de uma civilização estraçalhada pela estupidez humana.

WBomfim

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Wagner
9 anos atrás

Obrigada Mary !Verdade, infelizmente rumo a sofrimento, exploração e escravidão.

Wagner
9 anos atrás

Obrigada Mary !Verdade, infelizmente rumo a sofrimento, exploração e escravidão.

Wagner
9 anos atrás

Este comentário foi removido pelo autor.

Wagner
9 anos atrás

Obrigada Marcone !

Mary Portugal Makhoul
9 anos atrás

Parabéns pelo texto,Vagner!!! Infelizmente esse poderá ser um Exodus rumo a escravidão!!!

Unknown
9 anos atrás

Parabéns uma viagem através da leitura sabias palavras.

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Comentários

  1. Franklin Passos em Análise
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