O vento chocava-se com minha pele clara numa gélida manhã de abril com sensação térmica de quatro graus pela ruas nervosas de Amsterdam.
Lá, o chefe do parlamento acabara de decretar a censura, cerceava o direito de expressão, em mais um ato discricionário contra o estado de direito.
Instaurava-se na pratica uma ditadura fundamentalista de inspiração evangélico-ruralista.
Meus músculos doíam de frio, tremiam os adutores da coxa com a mesma sensação de estupor e perplexidade vivida naqueles primeiros dias de abril de 1964.
O vazio do discurso ou a negação dele se instaurava de vez.
As luzes antes vívidas do meu céu tropical ficaram apenas refletidas nas telas pós impressionistas de Van Gogh , de Paul Gauguin.
Um travo amargo percorria a boca. Olhava o relógio digital naquele instante, esperando que o Krakoviano Nicolau Copérnico me desse o norte nessa Krakózia brasileira e estúpida, onde eu era estrangeiro do meu próprio país. Parecia uma paródia grotesca de Spilberg, onde eu seguia apreciando as paletas e os girassóis impressionistas nesse canto do mundo chamada Amsterdam.
Hora de chorar as mágoas com uma cerveja “natural” no Heineken Music Hall.
” Não queres que eu volte”
Wagner Bomfim
in Amsterdam