Não foi uma Noite das Garrafadas do Brasil colonial, uma Noite das Facas Longas ou a Noite dos Cristais da Alemanha nazista, todas elas símbolos da agressão de um regime contra o seu povo. Foi uma noite de agosto, um tanto fria, seca lá fora, mas que, vimos, aqueceu os corações do povo brasileiro, sobretudo o povo mais pobre desse país e fez ressurgir no céu da América do Sul uma estrela, renovada, brilhante.
Todos os olhos da nação estavam voltados pra aquele que há 45 anos, para desespero da elite governante, dita os caminhos da política, que ao menor movimento faz baixar a cotação do dólar para desespero dos rentistas, que balança a bolsa de valores dos capitalistas, razão de ódio de classe de uma elite branca sudestina e sulista, porém razão de idolatria e estima do povo pobre em todos os rincões desse imenso país.
Muitos dirão que faço um culto à personalidade, ledo engano. Sou como todos, gostemos ou não, testemunha viva da história, e aqui apenas um intérprete desse fato histórico.
Para desespero da “Casa Grande” lá estava numa bancada de um canal de TV de concessão pública, um septuagenário de voz rouca e sibilante, Luís Inácio Lula da Silva, a mostrar ao seu povo o caminho de luta a ser seguido contra a desigualdade social, em favor da educação, primando pelo respeito, e naquele momento olhava profundamente nos olhos da sua entrevistadora, e falava baixinho, “com açúcar e com afeto” que todo homem deveria ter para com as mulheres, tergiversava sobre a harmonia entre os povos, entre, para e com os desiguais.
Mulheres, Amazônia, alimento, parlamento, orçamento, o estamento judicial e a relação do Brasil com o resto do mundo. Cada tema foi um passeio em “céu de brigadeiro” diante de pequenos, quase invisíveis jornalistas entrevistadores. A câmera da televisão o perseguia, tentaram até enquadra-lo em menor escala, nada adiantou, a câmera o aprisionava nos corações e mentes. Sua face marcada por inúmeros sofrimentos, mortes, perdas, humilhações, estava rubra, a feição viva, olhos argutos faiscando de júbilo ao ouvir, após décadas de censura naquela máquina de destruir reputações, a TV pública dos Marinhos, logo no início do jornal o seu entrevistador citar; “ que o senhor está inocentado” pra desespero dos seus algozes. Como disse o Papa Francisco; “A verdade vencerá”!
Ali estava Lula, imenso, conciliador, democrático.
Sabemos que a verdadeira transformação social está longe, vai além de um só homem, está por vir, mas a estrela que faltava para guiar os destinos dessa nação brilhou nessa noite escura em que hoje vivemos.
Wagner Bomfim
25/08/2022 as 22:00 hs.
Me emocionei, um toque profundo, uma escrita com tanta sensibilidade e verdades.
Parabéns Wagner
A ponte e a mensagem entre o comunicador e o leitor. Abraço forte
Para o desespero dos odientos, para assombro dos covardes, para vergonha daqueles fechados com a morte….a história desse nordestino não o traíra jamais. É na experiência do lodo (da fome, do abandono, do trauma de infância, das prisões injustas, da traição e tantas outras) que o lótus brota. E os tolos não entenderam ainda que ao enfrentar cada um desses desafios ele se tornou maior, mais sábio, mais lúcido, sob as bençãos da nossa ancestralidade indígena africana e europeia. Lula a cada golpe que recebe volta mais grandioso e experiente. Para aqueles que torciam pela vitória do fracasso, estamos de volta! 👏👏👏👏👏
me emociona a sua percepção. não foi em vao!
Uau! Que lindo e verdadeiro texto!