“É preciso estar atento e forte”

Vencidas as eleições presidenciais é natural que as forças democráticas relaxem, vivam momentos de euforia após 07 anos de tensão, baixas políticas, depressão e outros quadros de ansiedade.
Os quase 61 milhões de votos creditados na urna num projeto de vida cidadã, e aqui,agora, nem sequer falo de nação, que é outro lance muito mais complexo, não permitem que nós, brasileiros comprometidos com a civilização, tenhamos um minuto sequer de descanso.
O período de transição de um governo desastroso para o povo brasileiro já está sendo bombardeado pela mídia golpista, aliada do etéreo mercado rentista, e até o início dos trabalhos dos outros dois poderes, legislativo e judiciário, esse é e será o terreno minado que teremos que atravessar com passos bem marcados e fincados na mobilização do campo democrático. Tais passos terão o condão de solidificar um novo projeto de governo, de não apenas resgatar as mínimas condições de sobrevivência de boa parte da população, mas de plantar as sementes para a transformação social que foi destruída nos últimos 07 anos com o golpe de estado imposto a Dilma Roussef em 2016.
“É preciso estar atento e forte“ cantava uma das vozes mais belas da MPB através de Gal Costa nos idos dos anos 70, em pleno regime de exceção – a ditadura militar imposta pela extrema direita nacional sob o manto autoritário do governo do Tio Sam. O canto de resistência ecoava em solo brasileiro, “ ao dobrar a esquina”, ao tempo em que muitos irmãos sofriam no exílio e outros tantos aqui sucumbiam nos porões da ditadura militar. “ Não temos tempo de temer a morte” , assim , nesse refrão, demarcava posição, enfrentamento aos “azeitonas”, aos “gaivotas” e aos cisnes brancos” que nos aterrorizaram em uma longa e escura noite.
Hoje, a mesma voz reverbera em meio ao sentimento comum dos que lutam pela soberania nacional. O inimigo continua vivo. Ele desfila à frente do aparato judicial, cúmplice desse extermínio de raça, gênero condição social. Ele tem seus representantes dentro e fora das fronteiras do país.
Existem hoje no Brasil mais de 500 células nazifascistas, todas financiadas por capital nacional ( setores do agronegócio, grandes empresários e especuladores) bem como de dinheiro estrangeiro, americano. Aqueles mesmos setores que financiaram as manifestações ditas populares, na verdade muito mais como manifestação protofascista da classe média, contra o governo democraticamente eleito de Dilma Roussef, em junho de 2013, logo após sua negativa em não ceder aos interesses das petrolíferas americanas e das velhinhas de Utah ( investidores e poupadores à custa da miserabilidade de outros povos ). Esses inimigos estão aí “vivinhos da silva”!

Hoje, em terra brasilis, estão travestidos de “insanos” de “ loucos”, de “idiotas” de um grande circo mambembe, usando camisas amarelas e verdes da seleção de futebol, pois ainda não tem a coragem de usar as camisas negras do fascismo italiano, marchando e acampando em frente a quartéis do exército brasileiro, os eternos entreguista da nação, com bandeiras em punho, fazendo bloqueios em vias públicas e o que é pior; alastrando como pólvora um discurso golpista contra a democracia, vociferado pelos tios e tias do zap, patéticas figuras que encarnam o elemento crucial de difusão de narrativas e práticas da extrema direita no mundo. Não nos enganemos, eles, os patéticos são a forma clara da imposição do discurso do homem branco, machista, racista, homofóbico, destruidor de tudo e de todos que firam seus seculares interesses escravocratas. Os Latinazis.
É preciso “ ter olhos firmes pra este sol, para esta escuridão”.

O governo que assumirá terá a cara da sua representatividade congressual, mas, dado suas promessas de resgate de políticas públicas poderá sofrer, logo nos primeiros meses, as primeiras manifestações de boicote à qualquer melhoria das condições de vida dos mais pobres, sob a pecha de ser um governo

que não tem responsabilidade fiscal, gerador de “pedaladas” e outras sacanagens propaladas pelos corruptos que assaltam o orçamento publico, digo, a riqueza nacional cada vez mais concentrada.
Os latinazis estão a postos junto com seus capitães do mato, seus manifestantes “patriotas”, representados em várias categorias de trabalhadores da classe média tais como médicos, professores universitários, advogados, jornalistas e profissionais de outros campos do conhecimento, que embasados em suas origens médio classistas, os bastardos do capital surgidos nos tempos da escravidão no século XIX, os capitães do mato da atualidade, ostentam seu verniz protofascista à luz do dia, muitos deles vistos em meio às manifestações antidemocráticas, nos últimos anos e sobretudo nas últimas semanas.
A batalha eleitoral burguesa foi árdua, foi épica, mas nada foi conquistado até então.
“ Atenção para o sangue sobre o chão”!
“É preciso estar atento e forte “!

Wagner Bomfim
13/11/2022
P.S. Homenagem a Gal Costa