Acabou, acabou!!!

Grita a voz anasalada do Gavião Bueno locutor jurássico, misógino, da Rede Globo de televisão , a eterna vendedora de ilusões. Acabou o sonho do hexa campeonato da seleção de Tite. Seleção de jogadores tinturados, tatuados e consumidores de bens ofertados pelo capitalismo, residentes no epicentro do negócio chamado futebol, a Europa.

Com seu treinador monotemático e monofásico e de discurso enfadonho, no melhor estilo de palestras de autoajuda, vimos a sua passagem de seis anos literalmente dar em quase nada em termos de troféus( uma copa América e uma medalha olímpica). Conseguiu o treinador em verdade elevar os valores dos contratos milionários dos jogadores patrocinados pela mesma empresa fornecedora de material esportivo pra CBF, a Nike, e ampliar o poderio de empresários de atletas dentro da gestão da CBF. Não teve capacidade de criação de um estilo de jogo, potencializando as habilidades diferenciadas do sul-americano, dotando o escrete ( gostou do saudosismo hem ?) de se capacitar e de se reinventar frente a qualquer adversidade, só pra lembrar o jogador Didi na copa de 1958. Pouco fez, apostando em lampejos de algumas virtuoses , jogando por uma bola como se diz no jargão do futebol. Esse vendedor de palestras antidepressivas não conseguiu sequer passar das quartas de final por duas vezes, caindo para a Bélgica em 2018 e agora para a esfrangalhada Croácia.

Hoje, melancolicamente esse agrupamento de jogadores, que o brasileiro desconhece onde joga e como joga, se despedem de uma competição decadente, quando a comparamos com os torneios europeus, UEFA, melhor organizados, mais rentáveis e mobilizadores de uma rede produtiva ( turística, econômica) muito maior. A terrível escolha desse país atrasado culturalmente chamado Catar, fez parte de negociatas de milionários e visou apenas a atender aos interesses políticos de seus petrogovernantes e aos cofres da senhora FIFA.

Em meio ao selecionado “Titeano” sobrou apenas um troféu. O surgimento de uma voz isolada , com sua dancinha de pombo, que por breves momentos, proporcionou ao povo brasileiro uma esperança de ter suas carências expostas checando e envergonhando o stablishiment. 

Ao questionar a exclusão social, a violência imposta às classes mais pobres e pretas o menino da dança de pombo colocou em cheque não só todo o restante do plantel, mas também toda a comissão técnica brasileira, e sobretudo a mídia oficial capitaneada pela Vênus platinada. Isolado, em meio a reacionários gorduchos, neopentecostais decadentes e um defensor do fascismo, mercenário, que de longe comandava festas cheias de “ brilho” em mansões nos Jardins em São Paulo. Toda essa horda de esnobes, Ganimedes de um banquete da grande elite, não quis ver o olhar sequioso do seu povo, consumidor de pés de galinha e de restos de ossos, por uma vida melhor. Preferiram assumir publicamente uma patética cena onde certos “estrangeiros” consumiam carne especiais, bifes flambados em ouro ao custo mínimo de  mais de R$ 3.000,00 reais o prato.

O menino com sua dancinha de pombo recomeçará sua trajetória em campos europeus, voz solitária, outros aqui estarão, quiçá sem perder a ternura e levantando a voz para seus irmãos aprisionados na miserabilidade da grande Vitória.

Pobre Richarlysson. A copa acabou!

Vida dura que segue!

Wagner Bomfim

09/12/2022