A Varsóvia Palestina
Em fins dos anos 30 do século XX, com a ascensão ao poder e formação do 3 Reich, começaria a segregação racial e o posterior genocídio de populações inteiras sediadas na Alemanha como também ocorreria posteriormente nos países que o mesmo exército alemão ocuparia, durante todo o período da segunda grande guerra mundial.
Todos os homens que não se enquadrassem no estereótipo de brancos, com características fenotípicas ditas arianas, considerados homens puros sob uma ótica racial, deveriam ser eliminados. O propósito seria impedir a miscigenação racial e, portanto, a formação de uma raça de inferioridade física, psíquica e intelectiva. Começaria então naquele período o Holocausto. Foram assassinados oficialmente 6 milhões de pessoas. Todos os judeus assassinados eram considerados como seres inferiores, tidos como uma sub-raça conforme a visão prevalente dos ensinamentos darwinistas alemães na época.
Ao longo da ascensão e queda do regime nazista o que se viu foi o crescimento da indústria bélica e de seu entorno, que ao tempo em que utilizava e ocupava uma grande massa trabalhadora recém-empobrecida por uma economia geradora de excludentes sociais, ia sobretudo expropriando a riqueza das populações dos países ocupados e das comunidades ditas imperfeitas para financiar o regime nazista, suas lideranças e apoiadores.
Judeus, eslavos, orientais, asiáticos e africanos, sem falar em ciganos, homossexuais e artistas, eram paulatinamente mortos, ao tempo em que suas posses eram incorporadas ao 3 Reich, sobretudo na Polônia ocupada pelo exército alemão.
Após mais de oito décadas a geopolítica mudou. O mundo nesse aspecto pouco mudou, enquanto hoje e sempre ele se esgarça em constantes narrativas de paz, verificamos, entretanto, que a indústria armamentista avança mais e mais, desenvolvendo novas e letais armas, aliadas a uma “balística financeira” para assassinar povos, estados e nações, nesses casos controlando um sistema financeiro voltado aos interesses das nações ricas e de um número ínfimo de ricos que determinam a sequência dos fatos e dos interesses geopolíticos.
A criação de um Estado no novo desenho geopolítico mundial do pós-II Guerra, o Estado de Israel, de grande poderio militar, nada mais foi e é que o fruto dos interesses do capitalismo internacional, evidência embasada no apoio militar e econômico de boa parte das nações da Europa e dos EUA e Canadá, seus grandes protetores e financiadores.
Houve e há uma paulatina usurpação territorial histórica por parte dos judeus israelitas, uma opressão da história, dos costumes e da religião do povo palestino(árabe) sob a lógica de que estes seriam uma sub-raça. Expressam uma xenofobia contra muçulmanos e outras populações, utilizando-se de suas diferenças religiosas para expandir suas fronteiras e apropriar-se das riquezas minerais ali existentes, práticas comuns dos colonizadores europeus desde sempre, bem como também dos americanos do Norte, EUA e Canadá, do século XX até o presente(veja a recente invasão do Iraque pelos EUA)
A Faixa de Gaza, pequena localidade entre o Egito e Israel onde os palestinos são cada vez mais espremidos em direção ao mar, transformou-se desde o pós-guerra em um gueto, local onde o seu povo tem data e hora para morrer ou sob o fogo dos mísseis que matam adultos, crianças e adolescentes(a maioria da população tem entre 14 a 17 anos), ou sobretudo de fome, de sede ou de doenças, num genocídio tão ou mais cruel como o que os nazistas impuseram aos judeus de Varsóvia.
São sonhos decapitados, são esperanças amputadas e estendidas sobre os corpos putrefatos que se amontoam nas calçada e sob os escombro dos prédios da Faixa de Gaza.
A alguns quilômetros dali o povo judeu de Israel assiste à sanha mortuária de um governo eleito de extrema-direita, supostamente democrático, mas que impede a participação eleitoral de todos que habitam ou sejam oriundos do Estado de Israel. Vítimas que são, também, de extremismos de oponentes militares nanicos, grupos políticos do Hamas e Hezbollah, incapazes de frear o avanço territorial sobre o estado palestino frente ao poderio bélico israelita.
É um governo de poucos a perpetrar os mesmos crimes a que foram vítimas, como ocorridos no holocausto, sob a benção da comunidade capitalista ocidental, leiam-se os colonizadores europeus e americanos. Ironicamente a história se repete e desta vez a antiga vítima é agora algoz de um outro povo, bem ao gosto dos interesses dos homens do norte do globo.
Fazem guerra para simplesmente saquear, ao custo de destruir civilizações milenares em nome de uma suposta democracia e de uma paz ausente a milênios.
Esta é a Varsóvia Palestina!
Wagner Bomfim
13/10/2023.
Fotos: 1- Varsóvia destruída por bombardeios
2- Gueto de Varsóvia
3 e 4 – Faixa de Gaza bombardeada.
Excelente analogia.
O Hamas não representa o povo palestino, assim como mais de 70% do povo de Israel não apoia a guerra.
Os extremistas servem de massa de manobras dos poderosos ultra radicais. Lamentável !!!