Praias contaminadas
Dias atrás a Prefeitura de Salvador divulgou que faria uma limpeza nas praias, sinal que a balneabilidades não está lá essas coisas na orla, preparando-a, creio, para o verão, período de maior fluxo turístico na cidade.
Os portugueses, quando se estabeleceram no altiplano da cidade alta, não à toa delimitaram a paliçada/ fortaleza entre fontes de água potável, vitais para estratégia militar e sobrevivência dos recém-invasores.
Passados quinhentos anos pouco restou do que era a bacia hidrográfica original e limpa da cidade do São Salvador.
Assistimos nas últimas décadas os riachos e afluentes que margeavam a Baixa dos Sapateiros, Vasco da Gama, Avenida Centenário e Lucaia serem transformados em grandes túneis de esgotos e lixo urbano canalizados para a orla marítima sem o devido tratamento, com repercussões danosas à saúde da população soteropolitana que usa a praia como fonte de lazer.
Áreas de grande interesse imobiliário como o Horto Florestal, o Costa Azul e Jaguaribe, que pagam taxas de água e esgoto e IPTU exorbitantes para a Embasa e Prefeitura, convivem com antigos rios transformados em esgoto ao ar livre a exemplo do Rio Camarajibe que deságua no Jardim dos Namorados e do Rio Jaguaribe, em Patamares, rios desviados de seu curso, contaminados pelo lixo urbano sem que a Embasa atue na origem do problema em conjunto com a coleta seletiva do lixo pela Prefeitura e com o INEMA, responsável pela fiscalização. Esta, cumpre apenas ações protocolares, de testagem da qualidade da água para o banho de mar, ações ineficazes para as necessidades sanitárias da população que frequenta as praias como lazer e também como trabalho.
Dado o contexto caótico de poluição das fontes hídricas de Salvador, lucra a prefeitura com IPTU escorchante, sobretudo nessas áreas ditas nobres(pobres contribuintes), bem como a concessionária pública Embasa, que não tem interesse algum em atacar o problema da contaminação dos rios e afluentes da cidade de Salvador.
O mau cheiro do Rio Camarajibe no bairro do Costa Azul talvez contribua pra explicar a extinção do Jardim dos Namorados, bem como no caso do Rio Jaguaribe, assim nomeado em língua tupi como Rio das Onças e que dado o estado de abandono por ali não mais aparecem para beber água.
Faça-me uma garapa com tanto descaso! Pensando bem acho melhor que não, essas águas com certeza estão totalmente poluídas!
Wagner Bomfim
15/11/2023
Magnífico. Parabéns, Wagner. Uma constatação lúcida do descaso com tratam os rios que mesmo sob o ataque constante da enxurrada de lixo teimam em sobreviver para exercerem o seu papel natural de manter um clima ameno para os humanos soteropolitanos. Bilhões de reais são gastos para o saneamento, porém não conseguem enxergar que as praias jamais serão lindas com os rios imundos que deságuam no mar.
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Não é possível que com tantos recursos, sim, com tantos recursos, ainda se pensem em tamponar, elevar os leitos dos rios, utilizar estações de tempor seco, e nem ao menos cogitarem em Estações de TRATAMENTO de esgotos, as ETEs. Nem sequer abrem um diálogo, para se providenciar ações conjuntas com todos os atores, visto que a Cidade é de todos, não de partes políticas e seus devaneios de luta por poder, a ponto de não cuidarem do único rio soteropolitano: O Rio Camarajipe, ou Camurujipe . Não importa, o que vale é MAQUIAR a Cidade para as festas de verão, e enganar o turista com praias, que não estão limpas. A única praia com o selo azul de balneabilidade é a Praia de Guadalupe, as demais é tudo propaganda enganosa. Chamem os universitários, a UFba tem um projeto que já traria bons resultados, se as vaidades políticas e as guerras eleitorais, não estivessem à frente do que a saude humana! Parabéns pelo artigo, que ele seja entregue para os tomadores de decisões, e que tenham vergonha do apelido de ESgotolancia (Embasa) e Concretolandia (PRefeitura)….
Existe recurso para revitalizar o Rio Camarajipe aprovado pelo governo federal através da UFBa e do ministério correspondente. A Embasa, a Prefeitura e todos os políticos procurados não mostraram qualquer interesse em sua aplicação. Continuar brigando para ter uma cidade despoluída, como o Sena, Tâmisa, Luibliana e tantos outros mundo afora