A Estrela tem nome

Xênia França -A estrela tem nome.

Na noite de quinta-feira 16/11 ocorreu na Espanha o 24* Grammy Latino, premiação ofertada aos músicos de língua latina para o ano de 2023.

Vou aqui nesses dias por demasiado calientes, no melhor baianês, com “um calor dos inferno” levantar o assunto, esperando que os entendidos, os sabidos de plantão da seara musical tenham reparado o que aconteceu na mídia televisionada esses dias ao abordar, ou não, o assunto em questão.

Será que perceberam que não foi divulgado, como manda o figurino do jornalismo, nas grandes redes de televisão e jornais de porte, a premiação da cantora baiana Xênia França? Ela, que levantou o troféu de melhor álbum de música pop de língua portuguesa desse ano? Será que ela é assim tão insignificante para o mercado musical interno mas reconhecida internacionalmente?

Não é surpresa para os profissionais do ramo musical da grande evolução que essa baiana de Candeias, sempre esse recôncavo a nos premiar, vem mostrando, vem pedindo e abrindo passagem, culminando com esse justíssimo prêmio, coroando um trabalho que pouco a pouco se solidifica no cenário nacional.

Ela já havia sido indicada em 2018 e, como outros expoentes da música, enfrenta um mercado fonográfico dominado pelo agro sertanejo, pelo gospel e pela sofrença, regada a “dor de cotovelo. Junte tudo isso no liquidificador que dá porres alcoólicos homéricos e uma dor de cabeça infernal.

Domesticamente, aqui na Bahia, é sabido por quem vive essa seara, das grandes limitações impostas a cantores e compositores que não estejam, digamos, “afinadas” com o mercado da música e com certas empresas, “amigas do show business”. As Marienes, os Alexandres, Gerônimos e Luiz que o digam, pois bem sabem dos obstáculos que enfrentam para concretizar uma apresentação qualquer, apesar de suas imensas qualidades artísticas.

Mas a questão que levanto é a seguinte. Por que a omissão da Globo/Globo News que ao noticiar o Grammy Latino 2023, destacou outros grupos e cantores, deixando de fora da matéria, não divulgando essa revelação independente, a Xênia França, cantora, mulher negra e baiana?
Em seu site, o G1 acabou fazendo uma chamada formal e remeteu a figura de Xênia França a uma pequena matéria na revista Glamour citando sua vestimenta de grife, em verde-militar regado a inúmeros dourados, sobre um corpo negro e belo a desfilar num tapete vermelho. Nada falou sobre seu trabalho. Vendeu mais uma imagem de modelo que de cantora pop despontando no estrelato.

Terá sido por conta que, sendo ela uma autêntica filha de santo, fez uma luminosa saudação aos seus orixás? Falar dos orixás das religiões de matriz africana na platinada cada vez mais evangélica neopentecostal não pode?
Ou terá sofrido o peso do anonimato por disputa de mercado, pois “briga” com a poderosa gravadora Som Livre, vez que ela Xênia, tem uma produção independente e já vitoriosa?

São meras e inocentes perguntas que faço. Espero que a curiosidade não me mate, “pelo menos essa noite não”!

Sei lá, mas como bom baiano jogo o queixo para o lado e digo;

— “ó véi, a globo que se exploda”!

Wagner Bomfim

18/11/2023

 

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Maria da Conceição Fontoura Andrade
Maria da Conceição Fontoura Andrade
1 ano atrás

Oi Wagner..
Compartilhando com um grande amigo que é compositor, oriundo do MST e Santamarense, terra dos VELOSOS tem grandes trabalhos porém não reconhecidos…hj ele está no Ministério da Cultura por indicação do nosso Deputado Jorge Solla…

Franklin Passos
Franklin Passos
1 ano atrás

Caro Wagner, você pontuou fundamentalmente e de maneira precisa o que se passa no mundo cultural deste pobre Brasil. “A força da grana que ergue” o mal gosto e soterra o que há de bom na cultura, representada pelo apocalipse evangélico e a catástrofe do agronegócio no mundo da “música” que maltrata os ouvidos daqueles que querem ouvir alguma coisa de bom. Um negócio que movimenta muito dinheiro e que também financia os interesses da (ultra)direita. “Música” gospel, sertanojo, “cornomusic” e outras tendências nada musicais que imperam nas mídias às custas de muito “jabá”. Uma pena!

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  1. Franklin Passos em Análise
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