Cultura para quê?

O governo chegou chegando.

No início do século XX o então Governador da Bahia J.J.Seabra autorizou o bombardeio do Palácio Rio Branco como resistência a mudança da sede da capital do estado da Bahia, Salvador, para a cidade de Jequié.

Parte do palácio ruiu junto a outros prédios do centro histórico sob o calor das bombas. O Palácio foi  restaurado em suas áreas danificadas, iniciando  a partir daí  a ampliação da cidade para bairros longínquos do centro da cidade,  chamada historicamente de cidade alta.

Ao longo de um século muito se tem debatido sobre a necessária preservação do centro histórico de Salvador, patrimônio cultural da humanidade. Dotado de arquitetura barroca oriunda dos países ibéricos, bem como de outros prédios que ostentam estilos arquitetônicos diversos, esse espaço compõe a riqueza histórica da  soterópolis.

Uma marca, contudo, tem caracterizado os governos petistas na Bahia ao longo desses 18 anos que é a privatização dos espaços públicos, perfil neoliberal,  sob a lógica de desoneração do estado para aplicar em setores estratégicos. Setores essenciais e não essenciais, entretanto, são terceirizados( vide servidor público ), com o orçamento público abocanhado pelo setor privado de forma vampiresca num grande “acordão” com os donos do poder representados na Assembléia Legislativa.

O desprezo para com o setor cultural e o trade  turístico baiano é patente, veja seus equipamentos abandonados há décadas, como o Centro de Convenções da Bahia, o fechamento do Teatro Castro Alves vítima de incêndio por falta de conservação,  além de outros Centros de Cultura que vivem a míngua pelo interior do estado.
Inexistindo equipamentos, óbvio, inexiste portanto pauta cultural e turística e toda uma rede produtiva que gira no seu entorno.

A venda do Palácio do Rio Branco para um empresário francês transformá-lo em um hotel seis estrelas de uma rede chinesa, ratifica essa opção equivocada  que os governantes da Bahia tem feito nos últimos anos, quando se fala sobre cultura, arte e turismo. Basta ver a alocação de recursos do orçamento do estado para esses setores nos últimos cinco anos,  comparando com os recursos alocados para o Tribunal de Justiça e para a Assembleia Legislativa(1).

Mesmo com a recomendação do Ministério Público de suspender o processo licitatório do Palácio do Rio Branco, o  Governo da Bahia, sob a batuta de um autodenominado indigena, desrespeita os interesses populares, revelando-se insensível e descompromissado com sua cultura e a história de seu povo.

Nesse momento o Estado entrega nebulosamente um equipamento de beleza impar, de riquíssima história e que remonta a criação da sede de governo da antiga capital do Brasil, a Cidade de São Salvador.

Transformar o Palácio do Rio Branco, próximo do centro histórico, em um museu, um teatro ou equipamento similar voltado à cultura popular, que promova o turismo histórico, religioso, gastronômico, pode potencializar a economia da pobre cidade de Salvador e sua vocação turística. Sua preservação como equipamento público possibilita a seu povo conhecer e reconhecer os seus símbolos e signos sagrados, a sua história e pertencimento.
Do jeito que estamos vendo, o governo de Jerônimo Rodrigues chegou chegando junto a quem tem cifrões para pagar uma diária seis estrelas de frente para a Baia de poucos eleitos!

Bienvenue Saravá!

 

Wagner Bomfim

11/02/2024

(1)-  Transparência Pública

 

Tags:

5 2 votos
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
guest

4 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Franklin Passos
Franklin Passos
1 ano atrás

Entre a cruz e a espada, é como percebo o sentimento de contribuir para não eleger o gnomo carlista e ter que assistir a mais um mandato do PT, com tanta inação e tantos atentados aos interesses do povo.

Paulo Fernando de Almeida
Paulo Fernando de Almeida
1 ano atrás

Valeu Wagner, oportuna lembrança. Muito triste a situação do patrimônio arquitetônico de Salvador, quando não é mantido, desmorona, quando não é restaurado, demole, quando interessa à iniciativa privada, vende. Mas o pior é saber que sobra descaso e completa ignorância com a história da Bahia, mãe do Brasil.

Cimtia
Cimtia
1 ano atrás

Revoltante. Sem beleza nqtural, sem patrimônio, a cidade não se sustenta. Qual.é a sua história, meu rei?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários

  1. Franklin Passos em Análise
4
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x