A inauguração de uma escola em tempo integral, em pronunciamento feito pelo governador Jerônimo Rodrigues no último dia 19/02 em Feira de Santana, gerou reações da sociedade, mas sobretudo dos professores da rede pública estadual.
Ao se pronunciar, atribuiu aos professores a responsabilidade pelo grande índice de reprovação escolar e chamando a escola que reprova de uma escola autoritária.
A Portaria 190 baixada pela Secretaria de Educação da Bahia determina que o aluno que não obtenha rendimento escolar em até 05 (cinco) disciplinas ou mesmo aqueles alunos que não frequentaram 75% das aulas possam e devam ser aprovados.
A Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional (LDB) nesse caso é descumprida, tornando, portanto, ilegal a medida imposta pela referida Portaria 190. Essa medida, comprometida apenas com números de alunos matriculados, pode perfeitamente explicar os analfabetos funcionais que se espalham por todo o estado, colocando a Bahia como vice campeã entre os piores indicadores do IDEB.
Mas o que é de fato uma escola autoritária? Seria um professor desmotivado, sem aprimoramento continuado, sem um salário compatível com a carga horária e responsabilidade social? Ou estaria o autoritarismo nas unidades escolares sem os recursos compatíveis com a sociedade digital e da informação e com novas metodologias que inviabilizem a evasão escolar?
Há cinco anos temos visto, entretanto, um modelo de escola totalmente distante dos ensinamentos do Mestre Anisio Teixeira e sobretudo do revolucionário Paulo Freire. Falo das escolas cívico militares criados pelo ex governador, seu tutor político, seguindo os mesmos propósitos do governo Bolsonaro, cuja presença na Bahia não melhorou os indicadores educacionais. Essas escolas tem a preocupação apenas com um padrão de disciplinar militar, formando indivíduos com viés político de direita e destituídos de cidadania.
Desta forma, podemos identificar onde está e o que significa uma escola autoritária. Responsabilizar o professorado pelo caos educacional que vivemos a décadas, mesmo antes dos governos petistas, soa despropositado e leviano. Repete a mesma cantilena dos antecessores políticos, que dão as costas ao mais importante setor da gestão pública; a educação. Sem ela continuaremos na pobreza e na ignorância e como o próprio governador alardeou em seu discurso inflamado , “continuaremos na escuridão”.
Ele não acendeu a luz!
Wagner Bomfim
22/02/2024