Fiquei a pensar esses dias sobre a questão da censura, sobretudo autocensura, que motiva essa nossa opinião de hoje.
A discussão nas redes sociais essa semana proporcionada pela extrema-direita fascista sobre o que chamam de censura, sobre a propalada liberdade de expressão, aqui nas terras tupiniquins, após ameaças e agressões de Elon Musk ao governo e judiciário brasileiro, cabe alguns comentários.
Longe de mim entrar no “juridiquês” ou discorrer sobre a conduta dos mais de trezentos canalhas que controlam o parlamento mais reacionário de todos os tempos, testas de ferro dos interesses corporativos e da mídia hegemônica, consumidora de vultosas verbas oficiais.
Quero falar, só um pouquinho, do mafioso de extrema-direita, o sul-africano Elon Musk. Em passado recente o próprio afirmou categoricamente que interferira no golpe de estado na Bolívia e que assim faria em qualquer lugar onde existisse interesses para seus negócios. Lá na Bolívia existe uma das maiores reservas mundiais de lítio, insumo fundamental para as baterias dos seus veículos elétricos, mas, vê o acesso ao mercado brasileiro minguar, com uma perda de competitividade para os carros BYD chineses.
Sua aproximação há 02 anos com o governo anterior visava a possibilidade de explorar jazidas de lítio existentes na Amazônia e por conseguinte a ampliação do mercado de carros elétricos. Tesla, em toda a América Latina, além da instalação de suas antenas para internet na Amazônia Legal. Mas o que o narco dependente e golpista Elon Musk deseja, além de tudo isso, é o acesso aos milhões de dados existentes sobre os cidadãos brasileiros, de posse do governo federal, para controle pela sua bigtech. Essa será a grande fonte de lucro nas próximas décadas desses grandes conglomerados na sociedade da informação e do cansaço. De posse das informações controlam-se governos e países, transformando seus povos em zumbis automatizados na roda da fortuna do neoliberalismo predatório.
A narrativa da extrema-direita fascista, nada em modo crawl, de braçadas, nesse cenário de desinformação, desviando o foco dos interesses principais para uma falaciosa “liberdade de expressão”. Num cenário aterrador que se antevê, ou se regula a mídia, projeto que deveria ter sido regulamentado desde o governo Lula 2 ou um novo golpe de estado acabará de vez com a democracia. Há olhos a espreita, a esperar a oportunidade que o governo “ptneotucano” promete.
É o fascismo em fermentação, estúpido!
II
Mas quero falar nesse momento de outra censura. Aquela censura que infringe cada pessoa em maior ou menor proporção em muitas situações da vida.
Em nosso cérebro existe uma área que regula nossa fala, nossos pensamentos e linguagem, o córtex cerebral, nossa massa cinzenta. A partir dele podemos expressar aquilo que desejamos, ou sob os ditames do contexto social nos calarmos. Contudo, até mesmo uma cervejinha pode contribuir para soltar a afoita língua, verbalizando impressões, atos falhos, que podem melindrar ou ferir outra pessoa. Noutras vezes a censura permeia o dia a dia fazendo com que cedamos a padrões de conduta e opinião, nem sempre assimiladas é verdade, coisa comum verificada em certos grupos de WhatsApp e Telegram. Algo do tipo e no melhor estilo; aqui não se discute polêmicas como “política, religião ou futebol”.
Essas condutas, clichês, vê-se que os administradores de tais grupos cedem, qual bovinos em direção ao matadouro, a uma narrativa conservadora, dominante e nada libertadora em nome de uma salutar convivência. Salutar cara pálida?
Saudações diárias, regadas a mensagens cristãs, mensagens positivistas, de autoajuda e outros valores ligados a velha TFP impregnam o ambiente sem direito a questionamentos, pois o transgressor arriscará ser queimado numa fogueira da inquisição. Posturas que acabam sufocando de fato expressões ou comentários que suscitem teses e antíteses respeitosas, como já dizia e fazia Cicero.
A autocensura é extremamente perigosa, merecedora de uma análise mais aprofundada e no caso da política deve ser combatida. Quem com ela convive, quem a assume acaba deixando-se contaminar por discursos reacionários hegemônicos. Essas narrativas demandam avaliação dessa massa cinzenta, desses envolvidos, vez que estão impregnadas, coitadas, de valores anticivilizatórios ou na melhor das hipóteses os autocensurados podem acender uma vela, penitenciando-se sob a suprema compaixão dos preceitos de Santo Agostinho.
É o fascismo expresso estúpido!
— Viva o amor, a liberdade e a imaginação!
Wagner Bomfim
13/04/2024
Mais um alerte diante do fascismo expresso e estúpido, como dia o autor. E os “sábios” paralisados, desmobilizados assistindo a democracia se romper,
vide o ato de 1 de maio em São Paulo.
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