Corpos
Pulmões encharcados
E coletes multicoloridos balouçam num varal.
Meus pés amputados
E entre bombas me arrasto
E mentiras pairam sobre minha cabeça.
Os mercadores da fé condenam a morte, minha, própria.
Me dão mescalinas,
anfetaminas e penitências…
Crianças infecundas e
Mulheres secas, inúteis
A jazer por aí…
Os olhos injetados
Psicodélicos,
Famélicos
Saboreiam amanhãs!
Tonico de Meucci
19/05/2024
Carnavais
Que fazer nesse descompasso…
Ansio as madrugadas,
Sonho carnavais passados,
Que nunca vivi.
Que compasso marca o mote…
A noite à porta bate
E eu, surdo,
insisto
Em ouvir um sanhaço na janela.
Tonico di Meucci
08/05/2023
Voz
Gritos esgarçados
A voz rouca, ao tempo
Vidros estilhaçados.
Que importa os surdos
A insensatez dos mercadores
das armas,
da fome,
Do roubo dos amores?
Ela, a voz,
estoura os tímpanos da alma
Rompe as barreiras
e grita
e grita!
Tonico di Meucci
30/04/2024