Ao longo da praia de Patamares até a praia de Piatã, é comum encontrarmos diversos carcarás (falconídeos) em busca de restos putrefatos de peixes que aparecem na areia e de caranguejos fugidos do manguezal existente no estuário do Rio Jaguaribe para assim, fora do seu ambiente natural, conseguirem se alimentar.
Num antigo santuário de surfistas que antes deslizavam sobre águas límpidas e cristalinas tendo a frente inúmeros coqueiros, hoje, o que se vê é o crescimento de inúmeros espigões formando uma cortina de concreto ofertada para a insensível classe média, isca fácil dos interesses das construtoras que pouco a pouco vão sombreando toda a orla marítima de Salvador.
A área em questão vem sendo violada há tempos com as mudanças do curso do Rio Jaguaribe e dos seus afluentes, Passa Vaca, Mangabeira e Trobogy pelas ações deletérias geradas pela Embasa e Conder que ao não respeitarem o ordenamento legal contidos nos Estatutos do Iphan 2009 e PDDU da Prefeitura de Salvador contribuem para o assoreamento e morte lenta de mais um manancial hídrico da cidade.
A prefeitura tem possibilitado que as construtoras agridam o ambiente com o avanço célere e desordenado de construções de condomínios no entorno da Rua Trobogy, Rua da Fauna, construções estas que invadem uma APA – área de proteção ambiental – no entorno da foz do rio Jaguaribe, mas, “lá sou amigo do rei” !
Ao mesmo tempo que destroem o manguezal com seus paliteiros avaliados em milhões de reais, mas com a flora e fauna do entorno degradada, a prefeitura de Salvador “requalifica” os passeios em lajotas e cimento polidos para caminhadas ao ar livre dos “abonados” , com seus narizes em pé e entupidos com o cheiro fétido do lixo que escorre à sua frente.
Construtoras com diversos empreendimentos violadores do meio ambiente pela capital baiana ali se assentam, explorando esse filão do mercado imobiliário, pouco afeitas a sustentabilidade, palavra da moda dos gestores neoliberais. Essas e outras construtoras naquele entorno oferecem imagens paradisíacas em suas propagandas e em conluio com a desídia dos gestores públicos, estão transformando o altiplano geológico de Salvador não mais, apenas, em cidade alta e cidade baixa, mas em um novo perfil “ geológico “, com uma nova cidade alta, agora em “high level” de concreto armado e gourmetizada, bem ao gosto dos new rich!
A PEC das praias já foi aprovada por aqui há tempos. Perdemos mané!
Os caranguejos do manguezal próximo, coitados, são mortos no asfalto quente e seus restos junto a águas barrentas se espraiam na areia ainda branca indo alimentar os migrantes carcarás.
“Pega, mata e come”!
Wagner Bomfim
05/06/2024.
Nossas cidades nas mãos dos gananciosos, que visam lucro, só lucro, insensíveis à preservação do meio ambiente, ao equilíbrio entre bioma e humanos, a anomalia climática está aí e os news ricos cegos,limitados, que vivem de aparência, mesmo que seja em meio ao esgoto, ainda não acordaram, continuam vivendo sua fantasia, apesar dos pesares.
“Da força da grana que ergue e destrói coisas belas”
Caetano Veloso
A resposta para tantas barbáries é eleger ACM neto e os seus subordinado. Tristeza……
Que cenário dantesco nos deparamos !
Perfeita análise
A assinatura desse modelo neoliberal
A PEC das praias há muito já vigora.