Assédio e corrupção.
O governo Lula recebeu no colo esta semana uma bomba que deveria ter sido desarmada há longos nove meses, no caso as denúncias de assédio sexual e moral imputados contra o ex ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Sílvio Almeida. Desde a denúncia ele, o presidente Lula pouco ou nada fez, cozinhou o galo em água morna regado ao óleo de peroba usado para esconder problemas de magnitude em outro ministério, o das comunicações.
Nada aqui nesse texto tem o condão de jogar para baixo do tapete as, até agora, denúncias de importunação sexual contra um representante do movimento negro e dos direitos humanos que vinha atuando como voz de resistência ao fascismo. Esses direitos, tem sido francamente violados no país, sobretudo quando nos reportamos à população pobre que ocupa as inúmeras favelas e os superlotados presídios brasileiros, bem como as agressões de toda natureza a que as mulheres são submetidas. Os direitos violados nesses espaços tem sido objeto de denúncias que poderíamos comparar como os atuais navios negreiros e universidades do narcotráfico.
A discussão dos presídios parece ser, nesse caso, uma das questões nevrálgicas ao envolver grandes interesses econômicos atrás do cancelamento do ministro dos direitos humanos, sabidamente contrário à sua privatização e defensor ferrenho da igualdade racial.
Há uma disputa por espaço no governo por partidos do centrão que enfrentam cerceamento dos seus interesses no orçamento cada vez mais secreto.
Entretanto, toda palavra aqui deve ser colocada na medida certa e na ferida exata, não apenas na discussão de temas morais, importantes sem dúvida, mas parte de um contexto mais amplo.
Portanto, é oportuno que desnudemos as chagas do escravismo e do patriarcado assentados nos três poderes da república que fazem um grande teatro, um faz de conta que resolverei, mantendo as coisas como são, ou seja, o da dominação e exploração do povo pobre e no caso em questão a violência contra as mulheres.
Para argumentar, podemos levantar algumas denúncias que envolvem outro ministro desse mesmo governo, da elite branca, heterossexual, médico e membro da extrema-direita, que, uma vez denunciado, não foram tomadas medidas políticas adequadas e similares.
O Sr Juscelino Filho, Ministro das Comunicações do partido de direita, o União Brasil, desfila incólume pela esplanada dos ministérios. O mesmo já foi denunciado por corrupção e tráfico de influência para sua família e o presidente Lula o que fez com a questão? Pediu apenas explicações, sem que o referido denunciado tenha sido assacado do poder. Olhe a teoria do domínio do fato, de novo, gente!
O que vemos é o uso indevido da estrutura do estado pelos ministros e pela presidência, infelizmente!
O histórico de oposição ao governo por esse ministro, do qual faz parte, é alarmante. Exemplo foram as medidas anti povo assumidas pelo então deputado, tais como o impedimento de Dilma Rousseff, a aprovação do teto de gastos, e o seu apolo irrestrito e intervenção para livrar Michel Temer de processos junto a PGR. Alinhado à eterna bancada que ocupa os porões escusos do poder, ajudou a vilipendiar o orçamento público nos últimos anos.
Escravidão, importunação e assédio sexual são dolorosos não só à comunidade negra, às mulheres e outros gêneros, mas ao Brasil na sua amplitude sociopolítica e econômica. Pais que insiste, persiste com a chaga de ser uma republiqueta, alimentando tolamente o discurso do fascismo, sem efetuar as mudanças estruturais necessárias, na economia, na posse da terra, nos meios de produção, promovendo educação política e libertadora, condição na qual esses crimes podem ser paulatinamente reduzidos.
O movimento negro sangra no pelourinho da esplanada dos ministérios. O Ministério da Igualdade Racial , através de sua representante, que não veio a público se pronunciar contundentemente, fatalmente também sangra e retrocederá em mais de um século de avanços das mulheres e outras comunidades, independentemente do desfecho das investigações.
Ambos, Direitos Humanos e Igualdade Racial estão sendo solapados pela reforma ministerial que se avizinha, dado as vésperas das eleições municipais que balizará o pêndulo político que deverá conduzir o destino desse governo.
A despeito dos bons indicadores econômicos, para o rentismo e para o agronegócio, o governo abre cada vez mais espaço para manutenção de uma sociedade branca e patriarcal. Os crimes de assédio contra mulheres e violência a pardos e pretos torna-se lugar-comum, bem ao gosto do fascismo e pautam o dia a dia do governo.
São importantes, de novo, lembrar da “teoria do domínio do fato, das pedaladas e do desejo popular” a açoitar nossos corpos em pleno dia da independência.
Wagner Bomfim
07/09/2024
Um cenário delicado e triste tanto para as mulheres como para a comunidade negra, na presidência da Câmara federal tb temos um branco, hétero, todo poderoso, que é acusado de agredir e violentar a ex mulher, a coitada para preservar a sua vida, vive em endereço incerto, ameaçada e afastada de seus filhos, após a proeza do todo poderoso de jogar os filhos contra ela,m, vivemos em um triste Brasil que teima manter suas raizes coloniais, ricas em violência contra a comunidade negra e as mulheres, somos um jovem país, porém velho em sua essência!