Onde anda você?
O país saiu de um domingo de eleição bem ao gosto do sistema burguês, nominado por nababescos togados como “a festa da democracia” para, numa catarse coletiva expressar no day after o seu prazer e sua dor, ou seja; gozar a vitória do seu candidato enquanto o outro vai “chorar as pitangas” desse pleito.
No caso da Bahia já era mais que esperado dado uma desmobilização estupenda dos setores progressistas de esquerda e de centro-esquerda. Os candidatos bateram com a cara na porta e receberam um sonoro Não da sociedade e dando um aviso para os mesmos senhores, caciques políticos, que se apoderaram dessas legendas.
Os partidos de esquerda e centro-esquerda foram escanteados pelo eleitorado nos grandes e pequenos centros, desde Cruz das Almas, passando por Conquista, Feira de Santana, Juazeiro, até a capital do estado, Salvador.
O anacronismo da situação é tamanho que, a despeito desse estado votar majoritariamente em Lula e companhia, chega a ponto de existir um crescimento significativo dos partidos e candidatos de direita e extrema-direita como PL, União e PP e o crescente PSD de Kassab , aqui representado por Oto Alencar.
A esquerda, tonta desde a deposição de Dilma em 2016, não encontra um discurso inovador e proposta de país para as décadas futuras. Os caciques do PT baiano e seus projetos de poder pessoais afastaram a militância do dia a dia da vida política, alijando-a dos processos de escolha das lideranças nos diversos níveis da coletividade e tem sofrido sucessivas derrotas no sistema eleitoral burguês. Praticando o fatiamento de cargos na máquina pública para garantir um quociente eleitoral que os mantenha no controle do partido, esquece da educação política vencedora desde as comunidades eclesiais de base, de Paulo Freire e da voz resistente de Leonel Brizola, Jose Genoíno e Gushiken.
Esse desavergonhado comportamento tem a chancela da AL e demais setores do executivo.
Enquanto isso, a extrema-direita sai do armário, se inventa e reinventa com o apoio dos grandes grupos econômicos e de propaganda, fazendo brotar o lodo do fascismo, bem próximo de certos ministros e de parlamentares assentados no poder central e estadual.
O primeiro tempo desse jogo para o poder em 2026 já começou há tempos“ e só Carolina não viu”!
As críticas recaem, obviamente, não, a esse ou aquele candidato em particular, mas aos caciques sem planejamento ou compromisso com o país. Uns chegam a culpar o Presidente Lula por não “liberá-lo para a campanha”, outros literalmente são Ovo acionados por fazer omelete com o recheio errado.
Deixam brotar fascistas em cada esquina e são meramente reativos às pancadas que sofrem no córner da política.
O poetinha, Vinícius de Moraes, se vivo fosse, hoje estaria cantando;
“E por falar em saudade, Onde anda você” esquerda brasileira?
Wagner Bomfim
07/10/2024
Muito boa análise, você só esqueceu de citar Lauro de Freitas onde Moema Gramacho não conseguiu fazer a sucessão!
Sim
Verdades!
Com certeza