Trilogia do absurdo
O governo federal divulgou com toda pompa ontem à noite o resultado do Enem 2024. A Globo ostentou a matéria colocando os números recordes de 4,3 milhões de candidatos que buscam o acesso ao ensino superior no Brasil.
Como não poderia deixar de ser, a reportagem coloca na tela dois candidatos que obtiveram pontuação máxima na prova de redação; uma jovem de Brasília e um escritor do Maranhão, este último estuda há 10 anos para ingressar numa faculdade de medicina.
No melhor estilo neoliberal, a TV dos Marinhos passa a mensagem da meritocracia, onde 09 eleitos pelo Olimpo conseguiram o feito de “fechar” a prova de redação, num universo imenso de poucos letrados. Fechando a matéria, a repórter foca no ministro da Educação, este diz estar analisando as razões da queda de rendimento dos alunos no restante das competências, no caso as ciências humanas, ciências exatas e biológicas.
Oh! Darwin!
Oh! Darwin!
Passados 02 anos do atual governo e dispondo de uma série histórica decenal, o Ministério da Educação não consegue explicar até então as razões de indicadores educacionais tão pobres a maltratar o sistema educacional brasileiro.
Enquanto isso, em Salvador, o governo estadual coloca à venda uma escola localizada no corredor da vitória, bairro dito nobre, de classe média alta. A provável aquisição pelo mercado imobiliário dessa área privilegiada deverá permitir a construção de um novo paliteiro de concreto, enfeiando o que já foi uma das belas avenidas da capital.
O governo do estado ao se desfazer do imóvel escola segrega dessa forma o ensino no seu nascedouro numa estranha lógica de que bairro rico não precisa de escola pública e só os bairros populares são merecedores de escolas públicas porém sem dispor da infraestrutura existente(???) das escolas de elite.
Aí de ti, Copacabana!
Dito isso, nem a justiça estadual, nem o ministério público se posicionam quanto à venda de tão nobre terreno cujo metro quadrado é um dos mais caro da Bahia.
Por conta de suas férias, no caso os parcos sessenta dias, os senhores juízes e desembargadores dos tribunais de justiça baianos, tão céleres, provavelmente estão muito cansados dos milhares de processos que analisam (???) ao longo do ano de nove meses.
Viagens para o exterior , passeios de escunas pela Baía de Todos os Santos são pouco para que se importem com o tema irrelevante que é a educação da Bahia.
Enquanto isso, os advogados esperam seus despachos, sentenças e alvarás, fazendo uma fila quilométrica para usufruir da promoção de um hambúrguer numa rede de fast food de Salvador.
Ai de ti, pobre OAB.
Tudo isso me deu uma “gastura” que procurei uma UPA. Lá, fui atendido por um “dotô” de jaleco branco, todo empertigado, de gravata, impessoal e cheio de olheiras. Era um empresário, teclador de botões, girando a roda da fortuna das redes empresariais de saúde. Antes que me queixasse de algo ou de alguém, entregou-me um calhamaço de papéis. Creio que tanto papel deva servir para escanear meu corpo, talvez até empalarem profundamente a minha alma, até descobrirem um resultado anômalo.
Dessa forma, a AI Google/Meta por certo irá me dizer que não tenho salvação.
Aí de mim, bela Morgana!
Wagner Bomfim.
14/01/2025.
Dito e feito, a Bahia não é pra amadores. Triste Bahia!
Triste Bahia!!!!
Bahia distópica, com sua magistratura paleolítica carlista, seus baianinhos brancos filhinhos de papai “dotô”, forjados nas ricas escolinhas particulares, com especializações em coisa nenhuma, mas integrativamente lucrativas e harmoniosamente enganadoras. E o pobre, periférico, negro, da escola pública, foge de bala, mas sonha, enquanto não acontece, a gente imagina!
E isso aí Franklin!