Coringa System.

Coringa System

Ao tempo que escrevo essas linhas, as imagens da polícia Militar da Bahia agredindo escancaradamente os foliões que seguiam o trio elétrico da Banda BaianaSystem correm o Brasil e o mundo afora.

Os grupos que controlam a política baiana há 60 anos (carlistas e petistas) não conseguiram tornar esse belo estado, de gente ordeira e acolhedora, em um espaço de convivência harmônica com uma segurança  publica à disposição dos cidadãos.

O progressivo aumento das contradições sociais, o incremento do narcotráfico com ramificações para setores estratégicos do Estado, escancara a luta de classes no nosso dia a dia, desaguando quase sempre em violência urbana e em letalidade policial.

A PM baiana hoje se caracteriza como uma das forças de segurança mais violentas do país. São na sua maioria, militares pretos a agredir pretos, pobres e pardos pobres, que predominam sobretudo nas favelas, nos morros e nas encostas da capital baiana. 

É certo que promover segurança para o maior evento de rua do mundo, o carnaval de Salvador, exige, planejamento, recursos e expertise. Contudo, o que assistimos diuturnamente diverge da missão institucional dessa força militar oriunda do período da ditadura militar de 64.

Foliões sendo agredidos por policiais militares em plena avenida de carnaval foram flagrados pela Banda BaianaSystem, banda esta que há tempos arrasta multidões, com seu AfroRock com gritos libertários em defesa desse mesmo povo, preto, pardo e pobre. 

O comportamento visto nos últimos anos em suas apresentações caracteriza a banda Baiana System, como uma voz anti-sistema, sistema onde infelizmente a PM é a signatária violenta.

A cena em que policiais ficaram cercados por uma grande roda organizada pelo povo agredido revela assim o insustentável poder coletivo. Esse ato foi repetido no sábado em um dos trajetos por onde passava Saulo e seu trio elétrico.

Pouco a pouco vão surgindo novas vozes, mostrando a cara perversa da nossa “democracia”, da injusta conformação sócio econômica francamente exposta nesse carnaval do apartheid, de pretos vendendo cerveja para brancos endinheirados a desfilar entre escadarias e camarotes.

Ao propor o constrangimento dos agressores após a gratuita violência na avenida do circuito carnavalesco, local onde se deveria primar pela alegria, mostra nesse momento como se revela o personagem extraído das telas de cinema, o Coringa, a acender as tochas da insatisfação.

Parece que estamos, oxalá, frente a um coletivo Coringa System. Essa chama não pode se apagar!

Wagner Bomfim.

01/03/2025.

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  1. Franklin Passos em Análise
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