A privatização das estradas.
O desenvolvimento do país através da criação das estradas de rodagens implantada pelo governo Juscelino Kubitschek completam 70 anos sem que tenhamos hoje um modelo eficaz de transporte modal realmente integrador das grandes regiões desse país e do crescente desenvolvimento das zonas urbanas, sobretudo das grandes metrópoles.
A lógica de integrar o país através das rodovias ficou para trás. Hoje, aquele mote se mostra como um sistema ineficiente, contudo cada vez mais o governo federal insiste “ ofertar” esse modal sob controle da iniciativa privada, grandes trechos de rodovias federais, sem de fato demonstrar vantagens para o cidadão que nela trafega.
A sanha neoliberal de entregar o espaço público para exploração privada não encontra, pelo menos no nosso meio, uma prova de que esse sistema seja exequível com o menor custo e maior benefício à população. Exemplo disso foi a privatização das rodovias federais que cruzam o estado da Bahia há 15 anos, no caso a BR324 e a 116 sul, pela empresa Via Bahia, que resultou em grande dispêndio para os cofres públicos sem que tenha havido mudanças qualitativas nas rodovias e suas vicinais.
A condição estrutural da BR 324 é a mesma após 15 anos de sua privatização, com uma farra do pedágio mais caro do país imposta pela concessionária Via Bahia. Sob os olhares omissos e coniventes dos deputados federais e dos senadores de todos os partidos da Bahia que permitiram o assalto ao bolso dos consumidores que por ali transitam todos os dias, o que se viu foram prejuízos materiais pelos frequentes acidentes, com feridos e vítimas fatais. Os governos neoliberais que se sucedem privilegiam a iniciativa privada nesse modelo rodoviarista esquecendo que outros modais de transporte sejam possíveis, que poderiam gerar menos poluição, menor impacto ambiental e sobretudo mais econômicos.
O contribuinte continua a pagar o IPVA e o licenciamento de veículos sem haver vias rodoviárias e urbanas de qualidade para tão exorbitante cobrança. Em breve, outra empresa virá, quiçá com novo CNPJ derivado dessa mesma Via Bahia, para assombro da população. Afora isso, os políticos dormitam em seus gabinetes enquanto o DNIT prepara uma nova licitação para concessão ao setor privado, dizendo noutras palavras ser incompetente para gerir as rodovias brasileiras, bem ao gosto do Consenso de Washington. Aff!
Wagner Bomfim.
24/05/2025