Baia de São Salvador
Ah, Baia!
Sou teu latim,
Tua miçanga encarnada,
Tua saia alargada, carmim.
Tropeço entre “cabeças de nego”
Esbarro nas pretas, cheiro de pimenta e dendê
De suor, de sal e de coxas
Entre os salões de tantas putas moças.
Tua barra é pesada,
Teus senhores tem gola,
Tem cabeleira engomada,
Tua Guerra, centenária.
E tu me esfolas, esfolas e esfolas
Sou tua bagaceira
Sou apenas tua cagaça.
Wagner Bomfim
03/08/2025
Feira livre.
Tenho saudades,
Da rapadura
Do couro curtindo ao sol
Do orvalho ensimesmado
No inverno roto.
A neblina,
A farinha branca tingindo a pele preta
Esbarrando no riso branco, tenho saudades.
O coração desmaia ante as mãos
Que apartam o feijão de sua casca
E eu me abro ao cheiro da minha gente.
Wagner Bomfim
17/08/2025
Bonita Wagner! Lembrou-me Jorge Amado.
Sensacional! Seus escritos poéticos são de uma riqueza, de uma beleza… Como consegue transformar em poesia o que é rude? Amei essa parte: “ Tua barra é pesada,
Teus senhores tem gola,
Tem cabeleira engomada,
Tua Guerra, centenária.
A personificação da baia na figura feminina. Amei esse recurso sensível e sensual!👏👏
Seus escritos me recorda João Cabral de Melo Neto. Grande poeta e escritor Dr.Wagner.
Um aprendiz, querida !
Um aprendiz 😁
Tá inspirado, que maravilha de versos que desnuda essa nossa terra. Que maravilha a cachaça baiana e o punhado de farinha a escorrer pela face …