Eu caminhei mais de 4 milhões de anos para chegar até aqui, enfrentando toda sorte de revés, cataclismos e guerras, acumulando conhecimento e inteligência num cérebro de 1500 gramas para, assim, de repente… cair no século XXI.
Não estou em nenhuma máquina do tempo ou espaçonave intergaláctica, discorrendo uma ficção científica sobre o homem, mas dando uma chamada no que o alvoraçado mundo digital do século XXI da era cristã, ocidental, conceitua como Inteligência Artificial ou o Chatgpt, este, um software desenvolvido para computadores com uma compilação de dados com capacidade de serem veiculados em grande velocidade e suposta precisão.
O professor Milton Santos, geógrafo brasileiro , em um dos seus livros, “Por uma outra globalização” relata que o homem ao longo da existência vem criando ferramentas necessárias para o enfrentamento das dificuldades inerentes ao ambiente e, portanto, tornando-a elemento fundamental para a superação dessas adversidades, tendo dessa forma maior capacidade de adaptação e perpetuação da espécie.
O desenvolvimento das infinitas conexões sinápticas, ditas redes neurológicas, desenvolvidas ao longo dos milênios e que permitiu o aprimoramento do cérebro dos primatas, hoje se contrapõe ao Chapgpt, a decantada Inteligência Artificial. Em verdade essa é mais uma ferramenta criada pela mente humana, porém sem conter elementos insubstituíveis que são próprios dos humanos, ou seja; a existência dos verdadeiros sentimentos que, até estão, se pode diferençar o homem de outros seres vivos e da própria máquina meramente binária, matemática.
Nenhum software terá o “sexto sentido” feminino, este ser, mais evoluído que o espécime macho (risos), nem a emoção envolvida num nascimento de uma criança ou a sensação prazerosa de um vento fresco pelo corpo numa tarde de verão.
A lógica de acumulação do capital, utilizando as ferramentas por ele desenvolvidas, tem meramente o propósito de impor de forma perversa a acumulação da mais-valia, na relação do homem com o trabalho, com a propriedade dos meios de produção. A Inteligência Artificial posta no Chaptgpt impõe, no meu entendimento, uma submissão da horda primitiva, citando Freud, aos interesses do mercado dentro das sociedades capitalistas por mais escravidão e estupidez.
Caminhamos para uma etapa da evolução humana no planeta terra, com o surgimento de um novo tipo no processo evolutivo. Um novo homem apertando sonolento botões e telas de touch screen de máquinas insones, a teleguia-lo, a idiotiza-lo, homem esse, incapaz de ver o mundo além do binarismo matemático, incapaz de perceber um mundo de emoções que são genuinamente suas e assim entrega-se cada vez mais à submissão ao binarismo da máquina fria, sem emoções, sem sentimentos. O mundo do homo stupidus!
Wagner Bomfim
08/07/2023.
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