Carta pela democracia

Como se pode medir uma Nação , um país? Pela sua riqueza de todos os matizes? Pelo seu poderio militar? Pelo seu espaço geopolítico?

Essa pergunta me martelou a cabeça desde o dia em que programaram, alardearam aos quatro ventos, inclusive na mídia chapa branca, com direito a transmissão via “ Intelsat”, a leitura de uma Carta aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito. Vamos aqui resumir apenas em “Carta pela Democracia”, simbolicamente realizada a sua leitura no folclórico “Dia da Pendura“ ( 11/08), lá no Largo do São Francisco em São Paulo, tal qual ocorreu há 45 anos atrás, em plena ditadura militar, no idos de 1977.

Daí então que danei a ler os filósofos contratualistas J.Locke, T.Hobbes e J.J.Rousseau , cada um com suas visões de mundo, do homem e sua relação com o Estado, para melhor pontuar esse momento.

Fico a me perguntar, como é e se cabe a essa altura definir o nosso estado ( em minúsculo mesmo), vítima de um protofascismo em franca evolução, ensaiando a cada dia uma tirania, com boa parte do seu povo avesso a qualquer respeito ao estamento legal, sob a batuta de um judiciário que interpreta as leis com mais maestria e magnitude que atores de novela, à revelia da lei, bem como parte expressiva da sociedade vive sob a égide da inobservância das mínimas normas de convivência pacífica, como preceitua a civilização moderna!

A formação do estado brasileiro implicou na concessão do seu vasto meio de produção , no caso as imensas extensões de terras a uma elite escravocrata, como uma compensação pela perda da mão de obra escrava e, desde aquele momento, esse estado vive sob a tutela e controle do seu aparato repressivo. Aparato esse que sempre se posicionou contra o seu próprio povo, no caso a mal afamadas forças armadas que desde o século XIX e até os dias atuais expropia os cofres públicos com soldos e outras benesses sugando o estado como verdadeiros parasitas milionários.

A Carta pela Democracia de 2022 e de 1977 , com as manifestações públicas que a antecederam, são os arrotos da grande burguesia após os lautos banquetes, sinalizando sua insatisfação, tão somente, com o desempenho eleitoral do Coiso, muito longe de pleitear um Contrato Social, um Estado Democrático de Direito nos moldes Hobbeanos ou Rousseauanos.

A essa elite escravista interessa apenas a manutenção do Lúpem Proletariado e o extermínio dos miseráveis que tomam as ruas todos os dias. Os famélicos que ainda podem vender sua força de trabalho por míseros 4 dólares por dia, quando conseguem, alimentando a face mais perversa do capitalismo financeiro, o neoliberalismo.

A inexistência de instituições sólidas, no caso brasileiro, facilita o caminho para um estado violento, bárbaro, considerando os moldes civilizatórios atuais, sem respeito às leis, com um PIB ( Produto Interno Bruto) tomado de assalto pela elite e um FIB ( Felicidade Interna Bruta ) reservada apenas para frequentadores de Dubai e Miami, Essas fracas instituições são permeadas de conflitos pelas representações classistas burguesas e mantenedoras do mesmo status quo elitista. Assim. percebemos a nossa incapacidade não apenas de mensurar, mas buscar num curto prazo as vias de transformar esse pais em uma Nação.

Quando um país, que deveria ter outra importância no cenário mundial, precisa publicar uma carta em defesa da democracia sob, mais uma vez, a batuta da elite governante, parece-me inexistir qualquer disposição para um contrato social dado o distanciamento do seu povo. Estamos voltando paulatinamente ao estado natural de egoísmo e agressividade primária conforme J. Locke.

Que os povos originários da “terra brasilis” nos ensine a, de fato, fundar uma verdadeira Nação!

Wagner Bomfim

14/08/2022

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Neci Matos Soares
Neci Matos Soares
3 anos atrás

Difícil fazer uma análise, pois os cuidadões brasileiros não informados estão vivendo nas bolhas da internet, sendo bombardeados com notícias falsas. Hoje fiquei assustada com a enchente de relis no stagram, destruindo o PT e Lula.
Uma vez que a consistência dos votantes sem informações são fluidas, eles podem virar o voto com o bombardeio das mentiras que se tonam verdades.
Penso que o Ato da Carta foi apenas uma manifestação na tentativa de alcance. A esquerda no Brasil e no Mundo precisa se reinventar.

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Comentários

  1. Neci Soarea em Análise
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