De dupla sertaneja a bandido de faroeste mexicano passando por aprendiz de Nosferatu querendo sugar o sangue de um idoso ao seu lado e um arquétipo de coronel cearense em plena seca de 1932 foi o que se viu de um, se é que se pode chamar de debate pré-eleitoral na Tv bandeirantes na noite do último domingo de agosto. Chega, bato na madeira três vezes pra tirar o agouro e encosto!
Primeiro descortinar o picadeiro, forma chata, enfadonha e modorrenta que a organização do debate propôs para as respectivas assessorias políticas, de tentar abordar temas que obviamente foram superficialmente abordados e pouco explorados, vez que não há esse interesse.
O sistema político eleitoral burguês, ali representado pela sua propaganda, via concessão pública de TV, já havia programado com a turma da Faria Lima que, na ausência de atividade melhor num domingo à noite eles teriam aquele programa humorístico, no melhor estilo; brinquem, briguem nesse picadeiro a distrair a massa ignara brasileira , enquanto eu , no melhor baianês, boto pra f**** na segunda feira e no resto dos tempos, com a expansão do projeto de desmonte do estado brasileiro via neoliberalismo tupiniquim.
Vale mais a invasão das terras indígenas, o envenenamento do solo e subsolo, as nascentes e os alimentos com as “Monsanto da vida” e a financeirização da vida do cidadão comum, endividado desde o seu nascimento, a alimentar uma roda da fortuna via “ dívida pública” que ele nunca contraiu do que qualquer “taco de papel “ cheio de promessas de governo. Não vale o enfado daquela turma.
A dupla sertaneja, Soraya e Simone, a loira e a morena, representantes do agronegócio invasor de terras, ( ver o projeto da senadora morena ) amparadas pelo estímulo e defesa agressiva das armas no campo, como bem gosta a loira e que acha que índio deve ser empreendedor de lojas Kopenhagem, desafina em segunda voz quando canta que vai virar onça do pantanal se algum tigrão falar grosso. Nessa levada fazia o ressentido Coronel Presidente da República de Sobral sapatear e sorrir com as misoginias do mequetrefe do Vivendas da barra pesada, logo após um tremelique de uma jornalista anti esquerda.
Um horror, um horror! Diria um antigo professor, sob o olhar estupefato do velhinho à esquerda da tela do televisor.
Do outro lado do palco tinha um ventríloquo que queria privatizar tudo; queria privatizar o céu, o ar, os mares (ah Gonçalves Dias, levanta-te! ) e até alma do povo brasileiro para aplicação no mercado futuro de comodities. Não sobrava nada. Lá na arquibancada e camarotes, nos lounge burgueses falava-se até que ele, o Nosferatu, privatizaria a própria mãe e mulher se isso fizesse aumentar o PIB.
Lá fora, o populacho sem ingresso para aquele circo só estava esperando a lona subir um pouco pra furar a vigilância dos homens de preto do planalto para assistir o termino daquele ato.
No canto a direita do televisor bem que o bandido de faroeste mexicano ensaiou uma despedida regada a perdigotos e “taoqueis”, enquanto na Faria Lima a plutocracia embolorada arrotava blend 21 anos e se envolvia em fumaças de grandes charutos cubanos.
Só sei que acordei às três da manhã com o chiado da TV. Percebi que hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás.
Wagner Bomfim
29/08/2022
Este é o nosso sistema político, tão bem representado znas entrelinhas da sua crônica. Mais um show da grande mídia, semeando a desinformação e contribuindo para a miséria do povo.