Os fiscais do coxo
A história que se repete como tragédia e como farsa parece que encontrou no Brasil um palco permanente que nem seu autor poderia prever no O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte.
Alguns anos atrás, pelos idos dos anos 80 do século XX, um apicultor do Maranhão, que até acabou ganhando um fardão da Academia Brasileira de Letras, criou um exército de fiscais país afora para controle dos preços da então espiral inflacionária.
Aquelas patacoadas dominicais com gente branca vestidas de verde e amarelo e esbravejando em lojas e mercados se repetiriam no governo colorido seguinte como tragédia para o povo ainda mais assacado na sua poupança e sob o escárnio da elite diante da fome crescente no campo e nas cidades.

A história se repete aqui como farsa mais uma vez, agora instalada junto a uma tragédia sem precedentes na história tupiniquim.
Triste Brasil!
Uma vacina para o gado
A humanidade vê uma luz no fim do túnel com o avançar das pesquisas sobre as vacinas para combater o Sars-Cov2, o Covid 19 que tem proporcionado sofrimento a milhões de famílias em todo o mundo e com repercussões em todas as áreas do desenvolvimento humano.
Mas a matéria alvissareira de aprovação de duas vacinas, uma chinesas e outra russa, aqueceu a polêmica no governo do cramulhão que logo, como era de se esperar dado sua ignorância, passou a contestar a obrigatoriedade da vacinação em mais um crime de responsabilidade por ferir o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente. Prontamente o pau-mandado general da saúde, que não entende nada de geografia e muito menos de saúde, designou um Médico Veterinário para conduzir o setor de vacinação do Ministério da Saúde.
Indevidos questionamentos sobre a indicação, sobretudo por parte da esquerda, sem perceber que o secretário tem experiência no ramo, sobretudo acostumado a vacinação de gado de toda espécie. No caso em questão, o gado eleitor já começou a travar o site do MS com pedidos de uma vacina anticomunista desconfiados de reações adversas da vacina Sputnik que não os levaria a lua e ainda geraria raciocínio, empatia e solidariedade e por isso, portanto, risco de morte. Os mais afoitos já faziam fila na frente da Embrapa não se sabe qual razão.
Certo é que o coisa ruim estabeleceu contato com seu parceiro carotenizado do norte e de pronto já solicitou um lote de vacinas usadas, por hora, apenas em macacos de laboratório do Texas.
Na falta de vacinas anticomunistas estão pedindo plasma de supremacistas brancos, para combate ao Covid19, até então relatado sem garantias de eficácia. Mas, pra quem deseja receber centímetros e centímetros cúbicos de ozônio via retal, tudo isso com um tapinha na bunda não faz mal.
As eleições municipais parecem repetir o enredo do conto de fadas dos Irmãos Grimm, no caso o Branca de Neve e os Sete Anões.
A cidade, uma princesa supostamente bela e pura, hoje assediada pelos anões Soneca e Zangado, este último sempre reclamando dos sortilégios femininos.
Soneca, com a movimentação dos bandidos detém as chaves da velha e desarrumada cabana. Ao lado, Zangado, que se alinha aos picaretas para receber os afagos da princesa quase adormecida e prometendo arrumar a casa, observada de longe por caçadores demoníacos e teimosos.

Assim como tantos outros anões, Soneca e Zangado nada tem a propor de novo, como uma transformação radical de uma cabana desarrumada e insegura para um espaço moderno e cidadão condizente com sua importância abdicando desse cenário de lobos, caçadores inescrupulosos e figurantes omissos.
Saúde e educação precárias, solo desordenado e prostituído, além de uma total insegurança pública e com sua juventude sendo literalmente despejada, seus corpos, já sem vida nas emergências do hospital público são uma mostra inconteste de uma das áreas mais críticas para seu povo.
Sem um plano diretor consequente, sem geoprocessamento, os espaços são disputados à base de falcatruas cartoriais assim como através de crimes de mando, bem como a abertura de corredores expressos para o tráfico, tanto de influência quanto de drogas para todos os bairros.
Na saúde, o império das falsas cooperativas e de grandes empresas (que são historicamente financiadoras de campanhas eleitorais há décadas), que não são incomodadas nos seus exorbitantes ganhos. Pelo contrário, estes monarcas apenas convidam Soneca e Zangado para provar um pouco do mel servido pela princesa quase adormecida.
De feminina a princesa tem apenas o nome, posto que não dispõe hoje de qualquer postulante mulher ao assento da prefeitura e no caso da câmara de vereadores, as representantes femininas que lá habitam inexistem do ponto de vista legislativo em defesa dos direitos das mulheres. Foram prostituídas pelo discurso machista e reacionário dos demoníacos que rodeiam a floresta.
O príncipe está à espreita para desposa-la, mais uma vez!
Wagner Bomfim
06/09/2020
Realmente, está é uma ficção que passa todos os dias (especialmente os atuais)na telinha då vida presente. O auto e escreve com muito conhecimento de causa. Que país é esse???
Pois é querida. Vivemos de fato um pesadelo.
Mas com luta construiremos duas melhores!
Wagner, sua escrita refinada com humor nos leva a imaginar que esta realidade foi é uma ficção, até a volta triste percebendo que isso é o Brasil, é tal.