Prisma de todas as vontades,
de homens absortos que vem e se vão.
Atônitos, viajantes, se embriagam da brisa que sopra do este ao entardecer e
adormecem no limbo da caipora.
Canto a boiada,
a toada do vaqueiro melancólico
deslizando entre as juremas orvalhadas de abril,
entre trinados de chocalhos e corações descompassados.
Canto a uma cidade imaginária,
de fantasmas rondando noites frias,
bichos do tomba, magarefes insones dos campos de gados, nas mangabeiras longínquas.
Fumaças de uma locomotiva rasgando o recôncavo,
entre cheiros de pimenta e caldos de cana, pulmões em atelectasia.
Canto as úmidas entranhas da mulher
de face rechonchuda e riso puro,
do Tamarindo, rindo, rindo ao Sonho Azul.
Canto a uma cidade embrutecida e necrófila
sob cascos de mil cavalos enfurecidos,
atropelo de sonhos, estivas em balsas inseguras das águas enodoadas de Noratinho.
Canto a uma cidade da qual me apartei
entre agruras de outras leitos, de outros peitos
Canto a uma cidade que não se apartou de mim.
Wagner Bomfim
26 de julho – Dia de Sra. Santana – Padroeira da cidade de Feira de Santana.


Olha a pamoooooooonha!!!
Quem fez foi Noratinho
Lindo poema!