O fascismo rubro negro

Uma instituição centenária tem a obrigação de aprender com a sua própria história, feita de erros e de acertos, aprimorando-se, inscrever seu nome na historia geral. Tragédias e conquistas marcam indelevelmente o mundo, engrandecem o homem, dignificam as instituições, perpetuam uma nação.

Com o Clube de Regatas do Flamengo -CRF- nos seus 127 anos de fundação não poderia e não pode ser diferente. Ele, que inicialmente era apenas um clube de remo, a competir nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro, veio a se tornar há muitas e muitas décadas um clube amado por milhões de brasileiros, sobretudo pelas suas conquistas nos campos de futebol, tornando-se, quer uns não queiram, um patrimônio nacional. Deve portanto sua história , seu comportamento, sempre se pautar no respeito aos adversários, em todas as situações, seja dentro e fora das arenas de disputa esportiva ou mesmo seja no âmbito comercial.

As diretorias que assumiram a gestão do clube há uma década ( 2013) tem inegavelmente realizado um trabalho administrativo sério ao sanear as dívidas milionárias contraídas ao longo dos anos, fruto do amadorismo e da má versação dos parcos recursos que os clubes conseguem auferir, contudo, tem sido inúmeras as tomadas de decisões equivocadas, antipáticas e reacionárias, que maculam as tradições desse clube popular sob essa gestão.

Tragédias como a ocorrida recentemente com os “Garotos do Ninho “ poderiam e deveriam ter sido conduzidas de forma mais equilibrada, mais respeitosa para com as famílias enlutadas, traduzido-se também por indenizações compensatórias pois que as mortes ocorridas frearam o futuro promissor de dez garotos, indenizações que sabemos nunca aplacarão a perda dos entes queridos, mas como balsamo, minimizando um sofrimento eterno, acolhendo as famílias enlutadas no pertencimento do coração rubro-negro.

A atual diretoria usa da sua posição de destaque com as recentes conquistas que o futebol e em segundo plano o basquete e outros esportes olímpicos proporcionaram, para impor um comportamento e posicionamentos ideológicos pessoais, estranhos ao perfil de um clube popular. Com a conveniência e o absurdo aproveitamento político pessoal de seus diretores, essa diretoria externou publicamente apoio a um determinado candidato à última eleição presidencial, maculando ainda mais a imagem do clube de forma negativa. Nesse caso, fez explícita propaganda para um político que, entre outras mazelas, desprezou as famílias de vítimas fatais da Covid 19, sem ter manifesto um mínimo de compaixão e solidariedade. Candidato esse que através do seu modelo de economia leva milhões de pessoas à fome, acabando empregos, que destrói o ambiente das futuras gerações e que conduziu o país para uma divisão inigualável de todos os matizes. Essa diretoria desrespeita portanto os estatutos do clube e a grande diversidade de pensamento entranhado nos seus 42 milhões de torcedores. Usar o manto sagrado, como costumamos denominar as cores rubro negras, para referendar a prática fascista contida na representação do inominado candidato é achincalhar o nome de figuras de primeira grandeza, ídolos incontestes do passado e do presente,como Leônidas da Silva, Zizinho, Pirillo, Júnior, Adriano Imperador. Negros, nordestinos, trabalhadores oriundos de classes populares. Os atletas campeões da atualidade são omissos, coniventes, covardes. Outros são ignorantes políticos, são talvez incautos envoltos nos seus milionários contratos e presos em suas alienações políticas e sociais, tão diferentes de um Dr. Sócrates, baluarte da defesa da democracia frente à ditadura, da avalanche fascista, nefasta, cada vez mais presente.

Assim, o CRF ao ter em sua diretoria ou a ela ligada, a esposa de um presidente, que imiscui sua preferências ideológicas fascistas com as cores rubro-negras, além de ofender o povo nordestino, chamando-os de carrapatos, por ter esse povo em sua esmagadora maioria, optado por um projeto de nação democrática, essa senhora apenas expõe sua pequenez juntamente com o restante da diretoria. Essas são pessoas equiparadas a parasitas que usurpam a grandeza da nação rubro negra. Para conhecimento geral podemos dizer que o nordeste é o berço da criação desse país, é um reservatório de arte, cultura, de trabalho e de beleza. Sempre foi e ainda o é o sustentáculo da democracia que se mantém a duras penas nesse projeto eterno de nação chamado Brasil. Esta diretoria e sua senhora estúpida primeira dama, se assim podemos dizer, não se apercebem que o Flamengo é muito maior. Suas cabeças e mentes nefastas e obtusas não conseguem enxergar a grandeza desse clube e que com suas trágicas posições está colando a marca Flamengo de valor intangível, junto ao execrável escudo da suástica nazifascista.

Infelizmente, não só nós, os nordestinos, como de resto os demais brasileiros, teremos um trabalho hercúleo para expurgar do convívio social essas figuras perniciosas e seus comportamentos antidemocráticos. Podemos afiançar que esses que se apropriam de forma parasitária da grandiosidade da nação rubro negra pra locupletar-se, para obter projeção pessoal pequena passarão, com certeza, para o esgoto da história.

A nação rubro-negra combaterá sempre esses fascistas.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!

Wagner Bomfim

Sócio torcedor do Flamengo

01/11/2022.

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Paulo Almeida
2 anos atrás

Muito bem, Wagner. É por essas e outras que deixei de torcer pra times como esse!

Lucia
Lucia
2 anos atrás

É isso mesmo! Fora Landim e sua corja!!!!!! O Flamengo não merece essa vergonha!

Alice Ferreira Leal
Alice Ferreira Leal
2 anos atrás

Excelente texto! Parabéns 👏🏼👏🏼👏🏼

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Comentários

  1. Neci Soarea em Análise
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