Por que tarda a lua?

                                 Perché tarda la luna
          Qualquer adjetivo depreciativo, pejorativo é pouco pra retratar o governo miliciano assentado na esplanada dos ministérios e praça dos três poderes em Brasília.
Inominável, insensível, desumano, trôpego, sem empatia com a vida e sofrimento de milhões de brasileiros que morrem à míngua e milhares de família que perderam seus entes queridos acometidos pelo Covid19.
     Amplio a adjetivação aos três poderes posto que são, cada um com sua parcela de responsabilidade, os instrumentos legais de destruição de um país que há pouco tempo experimentou um crescimento no cenário internacional, tornando-se a 6a economia do mundo com melhora dos indicadores educacionais e de saúde, com a retirada de 40 milhões de pessoas da pobreza extrema, despontando como um novo player na geopolítica mundial após a descoberta das imensas jazidas de petróleo no mar continental, o Pré sal.

         Atrás  e determinando o aprofundamento da crise econômica que aqui se assentou  após a quebra de bancos americanos em 2008 estão os verdadeiros donos do poder, os rentistas nacionais em conluio com o capital financeiro internacional e seus veículos de comunicação, a mídia oficial ( redes de rádios, de televisão e uma imprensa escrita venal). Todos eles vivendo às expensas de verbas oficiais e de concessão pública, nos três níveis de governo, são, portanto, grandes fiadores e mantenedores da atual crise econômica, social e política no país e co- responsáveis pela proporção da crise sanitária que vitima a população brasileira.  
        O atual mandatário do poder, Bolsonaro, se equivale ao pretendente que ousou desposar a princesa Turandot, célebre personagem da Opera de Giacomo Puccini, que deveria decifrar os enigmas propostos pela insensível princesa para conseguir conquista-la. Em não conseguindo decifrar os três enigmas, o pretendente pagaria com a morte, seria cruelmente decapitado em praça pública para o gozo da platéia.

       A elite financeira escravocrata ensaia historicamente, mais uma vez, uma opera bufa, hoje transformada em tragédia, com o avançar da falência total do país, com um crescimento do PIB de apenas 1,1%, assacado em todas as suas riquezas, em sua capacidade de desenvolvimento econômico e social, com o desemprego chegando a 87,7 milhões de pessoas e atingindo sobretudo jovens ate 29 anos o que projeta um futuro sombrio para o pais (IBGE), pelo menos no próximo quinquênio. 
        A pergunta que ecoa em todos os cantos do país é; por que persiste esse genocida no poder, na presidência, após tantos crimes de responsabilidade, crimes contra a vida, contra a ciência, educação e contra o meio ambiente, a Amazônia legal em franca devastação  e com um bioma  em vias de extinção? Simples responder? Talvez. Bolsonaro encarna aquele pretendente a desposar a princesa, que incompetente, por não dispor dos requisitos para ocupar a função de mandatário de um país antes pujante e com sua democracia alicerçada  em instituições fortes, tal qual ocorre na opera de Puccini, é condenado a morte. Essa morte simbólica, traduz-se  como ser apeado do poder, haja visto que o mesmo representa e expõe as mazelas de um sistema corrupto e mesquinho e portanto deve ser decapitado sob o olhar  da fria princesa, no nosso caso a elite burguesa e escravocrata que não suja as mãos diante do morticínio institucionalizado.
           Mas, para a plateia, esse deleite da decapitação é precedido pela agonia do tardar da lua, a hora do espetáculo, primeiro ato da nossa ópera dramática, nossa tragédia consumada.
         Aqui, no mundo real, de fato a lua tarda, seja através de um impedimento, de uma improvável renúncia ou a substituição via eleitoral por outro pretendente, enquanto milhares de pessoas morrem pela pandemia desassistidos por um governo incapaz. Governo amparado por cúmplices fardados, leia-se as três forças militares que secularmente expropriam os recursos governamentais sem uma função consequente de defesa do país, juntamente a uma polícia política federal e milícias estaduais, enquanto subjuga milhões de pessoas que sofrem sem emprego, saúde e com a fome que avança no campo  e nas cidades.

        Enquanto não pagarmos nossas dividas com um povo ainda escravizado, não responsabilizarmos criminal e historicamente os grandes feitores da desigualdade sócio econômica continuaremos nesse primeiro ato de uma tragédia secular de sofrimento, dor e atraso social persistiremos nessa noite escura e como na plateia de Turandot a repetir a célebre pergunta;   “ Perché tarda la luna?” –  Por que tarda a lua?
                   Wagner Bomfim
                   04/07/2020
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Neci Soares
3 anos atrás

Muito bom, desnuda está mídia golpista que sobrecive da miséria e ignorância.

Unknown
5 anos atrás

Tenho muito prazer em ler os seus textos, cada palavra toca profundamente, levando a reflexão.

Paulo F Almeida
5 anos atrás

Perfeito!

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  1. Profa Me Cintia Portugal em Sempre
  2. Marirone em Sempre
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