Da alienação e dos mitos.

Há muito que a seleção brasileira deixou de ser um sinônimo de orgulho nacional ou uma das “instituições” que propiciassem um respeito entre outros povos. Isso decorre da falência do futebol nacional, hoje apenas exportador de talentos para os principais centros financeiros do mundo, posto que deixou de ser apenas um esporte e exercício de genialidades do passado. Esse esporte que era praticado em cada rua, várzea, terrenos baldios e capturado por descobridores de talentos ou dito “olheiros” para, em sua minoria, atingir o estrelato hoje mingua como terceiro centro consumodor.

O brasileiro sempre teve nos seus ídolos do futebol um simbolo, um resgate ao seu “viralatismo” secular, buscando a superação da sua permanente anti cidadania. Passados o romantismo de décadas atrás o capital financeiro se apropriou da “ginga e malandragem” sul-americana passando a ser o centro de lucros e novos modos de negócio no esporte com destaque para o futebol, deslocando-nos também nesse setor para ocupar a posição de um país periférico.

A idolatria imposta a certos atletas, sobretudo pela proprietária dos direitos de transmissão dos jogos da copa do mundo, a Rede Golpe de Televisão e suas eternas maracutaias ( ver a compra das edições de outras copas) transforma o brasileiro em alienado, mero consumidor de produtos por ele produzido, mas, alheio aos frutos do seu efetivo trabalho.

Platão, discorre sobre a realidade aparente e a realidade concreta, expressa em metáfora onde a demonstração do concreto, da cruel realidade assusta ao cego, realidade que de forma ignorante não é aceita portanto pelos alienados submetidos à dura visão do cotidiano. Karl Max por seu turno destaca a alienação como a subtração dos frutos do trabalho pelo seu agente principal, o trabalhador,

Idolatramos os “Neymalas Cai Cai” e seu dedo mínimo fraturado de longa data e agora o tornozelo dodói pra deleite da midia esportiva e hoje os Richarlison de chuteira colorida, esse ultimo de perfil ideológico aparentemente distinto, se é que podemos caracteriza-los ideologicamente. Esquecemos contudo que existem milhares de outros tantos talentos esportivos esquecidos nas várzeas e campos esburacados das periferias, bem como sobram inúmeros outros Richarlyssons nas linhas de produção que alimenta o capital/ futebol, um grande exercito industrial de reserva que sucumbem a exploração desde muito cedo sem atingir o tão esperado estrelato. Só pra registrar podemos atestar que são mais de 5.000 atletas de futebol profissional a ganhar pouco mais que um salário mínimo, portanto um salário de fome.

A mitificação desses, digamos, semideuses, apenas retrata a falência desse país, desse povo esgoelado, famélico, vestido com um símbolo marcadamente fascista que ficará estigmatizada, com justiça, por várias décadas, no caso a camisa da seleção brasileira de futebol. A face nua e crua de um país que necessita de mitos para supostamente ser feliz!

“Ora direi, ouvir estrelas, certo perdeste o senso e eu vos direi no entanto” de que torcer para a seleção de estrangeiros que alimentam uma entidade corrupta como a CBF dos Ricardo Teixeira, tolerar o desembarque de um avião carregado com toneladas de “coisinhas” sem efetuar o pagamento dos tributos na alfândega brasileira, isentando seus tetracampeões ou assistir a uma CPI da Bola que foi sufocada pelo seu próprio relator, no caso o hoje senador Romário (RJ), só pra falar de alguns escândalos, é alienar-se a dura realidade. Defender que esses jogos teriam um impacto positivo, de importância para a psiquê do brasileiro, que isso geraria satisfação e felicidade para o povo, para mim é apenas e tão somente cenas pitorescas de um circo pronto.

Falta o pão!

Wagner Bomfim

Tags:

5 2 votos
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
guest

1 Comentário
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Franklin Passos
Franklin Passos
2 anos atrás

O Brasiusiusiu, grande exportador de commodities, o país de joões e marias chuteiras, de perdeu-manés e ilimitados boçais, continua indo! Para onde, não sei. Realmente, o circo neo-romano inebria os incautos, patriotas ou não. Enquanto eles caem, o mundo gira, a Terra treme, plena, redonda!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários

  1. Neci Soarea em Análise
1
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x