Tenho a noite assim,
Inteira, nua e silenciosa,
Só minha.
Os apenados, lá fora,
Arrastam suas correntes
Presas à alma,
Ao infarto das culpas,
Bêbados de sombras, sobras de lençóis.
Devoro-a, pedaço a pedaço,
Entre ruídos nas portas,
Soluços de rasga-mortalhas
E um inevitável sereno
Banhando as folhas no jardim.
Wagner Bomfim