Em plena Berlim de 1938, precisamente em 09 e 10 de novembro iniciou-se a perseguição aos judeus em toda a Alemanha, Áustria e Tchecoslováquia sob estímulo velado do Ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. A ordem era destruir completamente os símbolos sagrados judeus, suas Sinagogas, casas e empresas, forçando-os a emigrarem desses países , para, entre outras coisas, limpar etnicamente a Alemanha nazista, o Terceiro Reich. Aquelas duas noites viriam a destruir totalmente o patrimônio judeu. Posteriormente milhares de pessoas foram aprisionadas em campos de concentração após confisco de seus bens.

A propaganda nazista impôs uma conduta de aceitação na população acerca da noite de terror, uma normalização, passando a ideia de que a noite de depredações e mortes fora desencadeada pelos próprios judeus. Tal atitude de aceitação, passividade, sinalizou para o partido nazista que o povo alemão estava lhes fornecendo um salvo conduto para toda e qualquer ação tal qual o que se seguiu pouco tempo depois, no caso o Holocausto, a segunda guerra mundial.

Brasília, noite de dezembro de 2022, logo após a diplomação pelo TSE da chapa presidencial Lula-Alckmin começou uma queima de automóveis e ônibus em frente a um grande shopping de Brasília e em frente à sede da Polícia Federal. Homens e mulheres vestidos com capuzes escuros, portando mochilas nas costas e com estilingue nas mãos passaram a disparar bolas de gude, atirando contra prédios públicos, deslocando também uma dezena de botijões de gás de cozinha para fechar avenidas, dentre elas a W3. 

A grande mídia procurou fugir como pode pra não noticiar os atos de terrorismo da extrema direita ocorridos em Brasília na segunda feira à noite. Entre outras calendas, por certo pra não dar audiência para o mentor da baderna terrorista, o bunda suja escondido no palácio da alvorada, mas, sobretudo, para isentar-se de uma necessária investigação jornalística sobre o episódio. Ai que saudades do jornalista Paulo Henrique Amorim!

Embora tudo que aconteceu na noite de segunda feira,12 de dezembro, não tenha sido perseguição a um povo ou etnia, como ocorrido na Alemanha nazista, os eventos foram e são a pura expressão do terror fascista que busca se apoderar do estado democrático de direito para, apostando num suposto caos, implantar um estado totalitário. A trajetória de sucesso da extrema direita no Brasil, ramo da extrema direita mundial caminha nesse sentido.
O que se viu nas cenas filmadas pela mídia chapa branca teve claramente a digital dos militares aquartelados no QG do exército, das polícias do DF, da Polícia Federal e não se espantem, das próprias autoridades judiciais, no caso e sobretudo, o Engavetador  Geral da República de bananas.

Os “ patriotas” , vestidos de verde amarelo junto a outros terroristas vestidos com camisas pretas, típicas de militares, saíram da frente do QG do exército após saber que um cacique fake serere Xavante, preso por tráfico de cocaína no Mato Grosso anos atrás, estava detido na sede da Polícia Federal por ordem do STF e PGR por atentar contra a democracia e contra o sistema judicial e eleitoral.
Pergunta-se; por que essa ordem foi emitida exatamente naquele dia ? Por que o serviço de Inteligência comandado pelo velhaco chefe do GSI e a PF não se interpuseram e ou viabilizaram essa ordem de prisão à luz do dia seguinte ? 

Ora, é sabido que a polícia do DF é toda protofascista. Que o secretário de segurança do DF é um pau mandado do Anderson Torres, ministro da justiça do presidente inominado. Ministro esse que sequer apareceu pra dar explicações sobre o terror instalado na capital da república, cidade que está sob os olhares do mundo. Portanto, prevaricou mais uma vez, tal como ocorrido naquele episódio  da prisão do presidiário, redundâncias à parte, Roberto Jefferson.

Depois de horas de terror as polícias do DF, a Polícia Federal e a PRF não identificaram  nem prenderam nenhum dos criminosos. 

O governo recém eleito e que se instala aos poucos, nada pode fazer além de um mero discurso para algumas redes de rádio e televisão, no qual avisou que não haverá impunidade a partir de 1 de janeiro de 2023. Será?

O criminoso, instalado no Palácio da Alvorada contava com uma reação à altura dos atos de terrorismo, mas, os ventos afastavam as chamas para outra direção, ardiam a sua, também, “erisipela fake”.
O Partido Militar, contudo, assiste ao jogo político impondo suas vontades, sem mover nenhum tanque velho e decadente a queimar óleo diesel pela praça dos três poderes em Brasília.

O Brasil amanheceu relativizando tudo, passivo, como aquela Alemanha de novembro de 1938. Esse Brasil arrasado pela ignorância, desemprego e fome parece muito mais “ interessado” em saber quem será o próximo técnico da seleção de futebol, seleção atual recheada de fascistas e alienados, dando audiência pra mídia esportiva também conivente e que cria uma suposta rivalidade meia boca com os hermanos argentinos.

Brasília acordou sonolenta, pra viver a sua eterna hipocrisia e fantasia de um país que ela desconhece, pobre, apartado do resto do mundo, limpando as suas largas vias para, até segunda ordem, ser palco da próxima Noite dos Cristais.

Wagner Bomfim

13/12/2022