Entre o Diabo e o Coisa Ruim

A Barreira do Inferno

Enquanto o povão seguia o roteiro “macetando” sua estupidez por circo no Carnaval da Segregação do prefeito Bruno Reis da cidade de Salvador, a sua camarilha instalada na Câmara de Vereadores aprovou mais um pacote de maldades contra a população soteropolitana.

Desde o bombardeio de Salvador e a posterior transformação das vias públicas, modernizando a capital do estado no início do século XX, além da intervenção urbana ocorrida décadas depois, quando se criou as Avenidas de Vale e sua exploração como corredores imobiliários, não se tem notícia de algo tão nocivo ao meio ambiente como a aprovação dessa desafetação.

O que assistimos, sobretudo na última década com a aprovação do novo ordenamento do solo, foi a transformação da cidade num grande bloco de cimento e asfalto com sucessivas atrocidades sobre o espaço público, gerando danos irreparáveis ao meio ambiente e por conseguinte impactando negativamente na qualidade de vida dos seus habitantes.

A destruição das poucas áreas verdes existentes, o aterramento dos rios, historicamente conservados pelos povos originários, portugueses e holandeses que por aqui passaram entre o século XVI até o século XIX, tornou-se a tônica dos últimos governantes que hoje se dedicam exclusivamente, quando o fazem, com obras superficiais e eleitoreiras.

Essa destruição escancarada beneficia tão somente os interesses privados, em particular ao ex prefeito ACM Neto e seu sócio Sidônio Palmeira na exploração de áreas verdes de inestimável valor no Corredor da Vitória, ante sala da burguesia baiana.

Os tambores do carnaval da Bahia amplificou a surdez de um povo ignaro, omisso e passivo politicamente, que mesmo sendo vergonhosamente assaltado por IPTU escorchante, tem os seus bens primários de vida, o ar e a água, esvaindo lentamente. Esse mesmo povo se deixa conduzir bovinamente para o colapso climático enquanto ainda se ouve os resquícios pelas ruas do “macetando,  macetando, macetando”!

A desafetação, ignomínia chamada de venda das áreas verdes públicas pela prefeitura de Salvador, voltada para atender os interesses dos amigos de sempre, sobretudo do ex prefeito, torna a cidade ainda mais desumana, insalubre, violenta.

Os rios do antigo platô tectônico continental, tais como os da Baixa dos Sapateiros, da Av. Vasco da Gama, Av. Centenário e  Lucaia, por exemplo, se inserem nesse contexto de desprezo sobre o meio ambiente. Estes rios, em estado final, hoje são apenas canais por onde correm toneladas de sujeira que deságuam direto no mar da Bahia sem que absolutamente ninguém se importe.

Em breve os Rios Camaragibe e Jaguaribe serão sepultados por asfalto e cimento sem que haja no presente qualquer medida de preservação, seja pela prefeitura, seja pelo governo estadual, com intervenções públicas sustentáveis, propositalmente desprezadas desde o governo Rui Costa quando da discussão e implantação do Marco Legal do Saneamento.

Vale tudo enquanto o povo continua “macetando ” no pós carnaval. Sabe-se lá o que isso signifique!

 

Wagner Bomfim

10/02/2024

 

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Marirone
Marirone
1 ano atrás

Infelizmente a grande maioria de nós fez opção pela dor. Esss tratamento dado ao meio ambiente terá consequências e, nas regras atuais da “impaciência” do clima, sem opção de parcelamento…

Wagner
Wagner
1 ano atrás
Responder para  Marirone

😢😡

Paulo Fernando de Almeida
Paulo Fernando de Almeida
1 ano atrás

Maravilha, Wagner. O diabo leve e solto e o coisa ruim kanariando agradecem!

Wagner
Wagner
1 ano atrás

Pois é companheiro. E ninguém se importa !

Neci Matos Soares
Neci Matos Soares
1 ano atrás

É uma tragédia, amigo.
Bem que o povo massetando no carnaval poderia levar as ferramentas para massetar ACM e companhia.
A alienação está posta, as urnas têm comprovado.

Wagner
Wagner
1 ano atrás
Responder para  Neci Matos Soares

😢😢😢

Franklin Passos
Franklin Passos
1 ano atrás

Um dia, uma hora, a conta chegará, para todos…

Márcia Dilveira
Márcia Dilveira
11 meses atrás

Tudo é feito tão na surdina que quando nos damos conta, já foi feito. Triste…

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Comentários

  1. Franklin Passos em Análise
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