“Forças ocultas”

As ditas “forças ocultas”, termo cunhado pelo ex-presidente Janio Quadros, foram e são de fato uma prevalente expressão da política brasileira há mais de meio século. Essas forças, leia a velha UDN, a TFP e velhas oligarquias, tendo o político Carlos Lacerda como seu maior representante, que foram capazes de, entre outras coisas, derrocar o governo eleito de Getúlio Vargas em 1954 e conduzir o país para um longo período de obscurantismo com o golpe militar de 1964, a despeito de grandes índices de aceitação popular do governo trabalhista vigente. Tudo isso com intervalo de apenas 10 anos de período democrático e de sofridos avanços sociais. Isso que digo é inicialmente por vivência pessoal, mesmo que ainda em período precoce, mas, sobretudo pela leitura apartidária da história recente do país.

No período ditatorial que se seguiu, não tínhamos as liberdades, conquistas sociais como os direitos sacramentados pelo voto universal, a redução das desigualdades entre as classes ricas e pobres, a melhoria na educação e na saúde e seu acesso mais universal, aumento da renda e da expectativa de vida, dentre outras conquistas.

Hoje, as “forças ocultas” continuam a operar em larga e dissimulada escala, pois não se satisfazem apenas com os lucros exorbitantes dos rentistas representados num congresso espúrio, que não exime a senhor ninguém de receber a alcunha de picaretas e mafiosos, comandados por fundamentalistas religiosos, extremas direitas e de outros tantos com a carapaça de democratas de esquerda e de centro.

Compras de votos para eleições presidenciais, mensalão, petrolão, são apenas termos emblemáticos da ponta de um, entre tantos icebergs, que emergem nessa republiqueta de bananas.

Atribuir a camisas partidárias o câncer que vigora há séculos neste país é desconhecer o curso histórico, mesmo porque as camisas partidárias são invólucros da desfaçatez com que os picaretas negociam interesses sempre contrários às necessidades populares.

Desconhecer a aquisição da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a construção de Brasília, a ponte Rio-Niteroi, a estrada Transamazônica, como também os governos Collor e FHC, Lula e Dilma, representantes de um modelo político que só privilegia as classes dominantes é tolice. Ressalva se faz que, independente do nome, os avanços ou recuos sociais são fruto da mobilização popular organizada. Marchar com a TFP, ser Collorido ou “coxinha” (nova expressão da velha direita, da velha UDN), é um direito de qualquer pessoa. Apoiar o fraco movimento social, o sindicalismo não aderente a governos e que vem tentando ocupar espaços nas ultimas décadas em benefício da melhoria geral das condições de vida é também um direito individual. Fazem parte das convicções pessoais e da história de vida que compõem esse mosaico social.

As “forças ocultas” com seus representantes congressuais desejam ardentemente impedir não apenas a Dilma, Lula, Collor ou FHC enquanto nomes, mas avançar em suas seculares barganhas de escravismo e corrupção, sobrepondo-se à miséria de milhões de pessoas que contextualizam esse país tupiniquim e ainda miserável.
É oportuna uma leitura crítica da história, além da superficialidade imposta por mídias comprometidas com o mesmo status quo. Abraçar uma causa de interesse pessoal, escravista, preconceituosa para com as classes ditas economicamente frágeis ou participar como elemento transformador apoiando os movimentos sociais da base da pirâmide na redução das desigualdades é o grande desafio.
Cada um faz a sua escolha!

Wbomfim

08/08/2015

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  1. Franklin Passos em Análise
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