“Só sabemos pelo que lutamos quando estamos perdendo”
Ernest Hemingway.
O governo de frente ampla capitaneado pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva, parece perder o ” time” de ações em áreas cruciais do exercício político que visem combater as forças inimigas do fascismo, extremamente vivas na sociedade com sua permanente imposição de narrativas nos diversos meios de comunicação e contrárias ao governo.
Na atualidade, não só os representantes dos dois maiores colégios eleitorais do pais, São Paulo e Minas Gerais, como diversos parlamentares da oposição, aliados da PIG – Partido da Imprensa Golpista- expressão cunhada pelo saudoso jornalista Paulo Henrique Amorim, tem imposto desgastes midiáticos ao governo, desgastes esses nominados por essa mesma imprensa como ” derrotas no campo politico” sem, óbvio , destacar inúmeras realizações no curto período de atuação do atual governo de frente ampla.
Até o momento o governo não conseguiu avançar na questão da regulação das mídias e dos meios de comunicação, tema antigo desde os tempos dos governos petistas, com uma legislação moderna a exemplo de países europeus, que freiem os abusos e as rotineiras transgressões à democracia que explodem dia a dia nas mídias sociais. Esses crimes sao criados ou propagados de forma desonesta pelas concessões de rádio de TVs passando incólumes pela falta de um regramento legislativo e a devida ação judicial.
A oposição parece nadar de braçada nesse seara, criando e distribuindo mentiras sem um freio de arrumação politico jurídico contingenciador.
Em toda guerra a propaganda e a comunicação são vitais para a manutenção do moral das tropas e da tomada de decisão pelos seus generais. O que vemos nessa seara é um consumo de energia pela secretaria de comunicação da presidência ou respostas isoladas de ministros aqui e ali para se contrapor às investidas do fascismo.
A comunicação governamental parece estar em “delay”, não conseguindo impor a sua visão de governo antenada com a decisão majoritária escolhida pela população nas ultimas eleições. Só para se ter uma idéia da limitada participação dos deputados na mídia social, com temas de reverberação no cenário politico e popular, dentre dez parlamentares avaliados por medidas de incursão na mídia, apenas um deputado aliado ao governo, Andre Janones, consegue se destacar colocando-se ao mesmo tempo como escudo e como ponta de lança contra os extremistas de direita. Os outros noves deputados são oposição ao Governo Lula da Silva e utilizando-se de toda sorte de argumentos falaciosos e mentiras ocupam o tempo dos meios de comunicação, cúmplices que são dessa desinformação, para desgastar o governo sem que a Secretaria de Comunicação da Presidência ou dos partidos que o apoiam expressem de forma contundente uma propaganda proativa, que ocupe o espaço diuturno na imprensa fazendo valer a narrativa governamental. O que se vê são meios de comunicação, sobretudo as concessões de rádio e TVs, reverberando os interesses americanos em conluio com o rentismo nacional.
O front se ressente!
A frente ampla tem sido incapaz de dotar o governo de uma unidade de voz, exércitos descompactados, estando muito mais como uma colcha de retalhos, ou de fuxico, não se apercebendo como está minado seu espaço para governar com a ameaça latente de uma nova tentativa de golpe.
E em se falando de espaço, o PFM – Partido Fascista Militar – continua avançando com sua pauta desestabilizadora e antinacionalista, contando com a manutenção do Ministro da Defesa José Múcio, aquele relator do TCU das “ pedaladas de Dilma que, sem autoridade ou mera conivência permite que suas FFAA organizem um evento com militares de outros países alinhados com os interesses americanos ” para aprender novas tecnologias no combate aos inimigos atuais e virtuais”.
” Precisamos equilibrar investimentos em defesa para podermos atingir níveis compatíveis com nossa dimensão territorial e com a estatura geopolítica do Brasil”.
José Múcio ( Min. da Defesa).
Insistem em seguir a Escola das Américas com o surrado discurso de inimigos externos e virtuais inexistentes. O Brasil não convive com ameaças vizinhas, dado sua pujança em relação a outras nações, desde a Guerra do Paraguai , no século XIX, urdida que foi pelos interesses ingleses da época e conduzida por Caxias, comandante que exterminou uma nação próspera. Hoje, recebe a láurea de patrono do exército, ou seja; nossas FFAA historicamente são submissas aos interesses colonialistas.
Embora o grande artífice dessa frente ampla tenha reposicionado o Brasil politicamente no cenário internacional, e ai vem a visão da diplomacia brasileira em apostar em um mundo multipolar, com independência cada vez maior da decadente moeda norte americana e ampliando suas parcerias com os países dos BRICS, não se prospecta no cenário atual mudanças da correlação de forças entre os donos do dinheiro, os escravocratas e a grande massa trabalhadora cada vez mais precarizada, o exército industrial de reserva e a grande massa faminta que povoa as esquinas das cidades, com a terra dominada por quem não produz ou produz para negócios em mercados futuros de comodities.
A questão agrária e social permanece sendo o grande custo dessa vitória . Não é a toa que a General do Comando Sul do Exército Americano citou em entrevista recente que tem que ” intensificar o jogo” ampliando a pressão sobre os meios de comunicação brasileiras com o propósito de desqualificar a liderança diplomática de Lula da Silva hoje no mundo.
A despeito da frente ampla ter conseguido desbancar o projeto de autocracia fascista, o PFM, amparado pela PIG, rentistas, fundamentalistas e o agronegócios fascistas, exército de peso devemos considerar, poderemos , em caso de não atentar para esses inimigos internos que minam dia a dia a democracia vir a repetir a saga do General Pirro. Uma vitória sem uma consequente e necessária emancipação popular com um custo altíssimo.
” Só sabemos pelo que lutamos quando estamos perdendo”!
Ernest Hemingway.
Wagner Bomfim
03/06/2023.
Texto muito lúcida. Suas reflexões.
Parabéns Wagner.
Infelizmente estamos vivendo este desmonte e se não viramos o jogo a extrema direita vai dominar.