Terra Brasílis
Hoje, ao lembrar o dia dos povos originários podemos verificar que na prática muito pouco se tem para comemorar. Sequer deveria existir um dia vez que historicamente, todo dia é dia desses povos que conjuntamente com os negros compuseram esse arremedo de nação.
A história contada por todos os colonizadores é sempre marcada de vieses, a custa de sangue e sofrimento. As terras aqui existentes, para os invasores eram terra de nada e de ninguém.
Ao longo de mais de cinco séculos aqui habitou em torno de 6 a 7 milhões de originários, de várias nações, sendo que hoje existe menos de 1 milhão espalhados por diversos territórios, sobretudo na Amazônia e costa litorânea. O extermínio dos povos originários acontece sob o olhar insensível do Estado brasileiro que ainda discute a propriedade e posse da terra. Os povos yanomamis continuam a sofrer de doenças, falta de remédios, água tratada e cestas básicas. As FFAA literalmente se recusam a socorrê-los sob uma suposta questão orçamentária, quando sabemos existir um intestino vínculo do garimpo e madeireira ilegais nas regiões a serem demarcadas com altas patentes dessas FFAA, pasmem!
Na Bahia o cenário é aterrador. Há 15 dias o MPF marcou um leilão de terras na Costa do descobrimento supostamente de propriedade de um Consul Honorário de Portugal na Bahia, grileiro com intimas relações com as FFAA. Esse leilão visa pagar uma dívida desse cônsul para o ICMBio.
O juiz federal envolvido nesse leilão é o mesmo que deve julgar a demarcação das terras dos Pataxós Han Han Hans. Porém, nem o conflito de interesse aí posto o fez voltar atrás. Funai, ICMBio e MPF se calam enquanto se verifica o silêncio sobre o assassinato de lideranças como o Cacique Nailton e sua irmã, indígenas Pataxos, ocorrido em fevereiro último.
O Governo da Bahia, com seu mandatário dizendo-se descendente de indígena, nada fez para elucidar e punir os assassinos, sequer investigou a fundo a ação de milícias lá existentes, acobertadas pela PM baiana.
Na prática é necessário a reparação do genocídio praticado pelos brancos ao longo desses cinco séculos.
O Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, enquanto isso deve explicações sobre o conflito e mortes nas terras dos povos originários, contudo hoje faz outro tipo de dança e sopra apitos em festa de carnaval pelo interior.
Triste Bahia!
Wagner Bomfim
19/04/2024
Texto provocativo que toca em vários pontos dolorosos desta triste realidade, o dilema dos povos indígenas. A promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas é bonito no papel mas está longe de uma concretização.
Que tristeza, meu Deus.
A humanidade parece estar retrocendo para o periodo colonial