Ainda estamos aqui.

“Ainda estamos aqui”! 

 Resumi nessa frase a resposta dada a um extremista de direita que destilava ódio contra o filme de Walter Salles. Esse é o grito, pois a resistência contra as armadilhas da direita deve ecoar em qualquer canto onde ela impere, mostrando a todos seus nocivos tentáculos. 

 Se a Rede Globo de Televisão ou o conglomerado financeiro Itaú (são parceiros nesse regime capitalista financeirizado) ao patrocinarem o filme “Ainda estou aqui” querem tão somente uma anistia para seus crimes cometidos desde a época da ditadura militar terão que financiar muito mais que somente um filme. 

Precisamos reescrever a história sob o prisma da verdadeira democracia, sob o olhar do povo, sem essas amarras do consumo desmedido de coisas e pessoas, ir além do sobrenadante que alimenta esse modelo de país. 

 O ideário de um liberal não se sustenta sem uma cultura constantemente impregnada de seus valores no seio social e popular, instruindo-o no melhor estilo; lute, cale-se e será recompensado. Nesse caso, o filme de Walter Salles, embora traga essas contradições relativas ao seu financiamento e distribuição, na sua profundidade, de alguma forma também se contrapõe, resiste à violência institucionalizada. Essa oposição é marcada não somente contra a  violência cometida a uma família de classe média, mas pela violência e um crime maior cometidos desde sempre sobre seu próprio povo, que tem sido a manutenção de um ideário pseudo democrático, cheio dos ranços escravocratas, silenciador de vozes a qualquer custo.

 Os filmes “Ainda estou aqui” e “Sem Chão”, documentário palestino/ israelense, são como pequenas luzes que se anunciam num cenário de escuridão que se antevê mundo afora, que não podemos desprezar o seu lúmen, sua capacidade de clarear tantas mentes. 

Nesse caminho escuro, a resistência deve fugir das armadilhas e ela própria denunciar os perigos, denunciar os próprios senhores financiadores e seu passado hediondo. 

 Ainda estaremos aqui por longo tempo, pois além de Eunice Paiva, existiram inúmeras mulheres e homens, que foram sufocados nos calabouços da ditadura militar, inúmeros camponeses que tiveram suas vidas ceifadas, assassinados nos campos do Araguaia, inúmeros estudantes tiveram suas mentes e corações amordaçados.

 “Ainda estamos aqui” sabedores de que a batalha é demorada, que o inimigo é forte. 

Esse é somente um passo a mais nessa longa caminhada. 

 Wagner Bomfim.

03/03/2025.

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  1. Franklin Passos em Análise
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