Das raízes e das flores.
No discurso conservador, na ausência de fortes argumentos, é costume de muitos personagens se contraporem, falaciosamente, a ações que resultem em uma sociedade mais justa, usando quase sempre a expressão clichê do tipo: sou contra todo e qualquer radicalismo!
Pois bem, a burguesia se vale desses porta-vozes para veicular sua narrativa colonizadora, predatória e manutenção das condições socioeconômicas perversas que o liberalismo impõe, não importando o grau de miserabilidade em que vivem esses povos ao redor do mundo.
Estes representantes desfilam orgulhosos de suas hipocrisias e maus-caratismos, como arautos de uma ignorância e perversão frente à miséria, à fome, à falta de saúde e educação, sobretudo a educação política e cidadania.
São os seres que não gostam das raízes, não só do alimento, mas de imergir fundo na sua própria miscigenação, que abominam seus próprios costumes, sua história, suas transformações sociais, importando na maioria das vezes os signos dos grandes opressores e colonizadores como espelhos de um suposto estágio evolutivo.
Tolos, não se veem como agentes manipulados e manipuláveis, que só fazem aumentar a roda da fortuna do capitalismo, orando para uma divindade qualquer, deus Mercado, a transmutá-los a um Nirvana do consumo desmedido. Esses são os grandes inimigos do radicalismo, ineptos que são para a condição inequívoca de ir à raiz dos problemas.
Esses emissários, diuturnamente, veiculam narrativas de que a alternativa certa é a meritocracia burguesa. Que as políticas sociais existentes em todo o mundo são em verdade instrumentos de acomodação pessoais e o grande ônus para um estado burguês, supostamente produtivo.
Assim, como num jogo de xadrez, é necessária a superação dos peões para atingir os donos do poder, rainha e reis. É oportuno dispor de discurso e práticas radicais para superação do modelo de estado vigente, moldado que é para manutenção do poder, antagônico ao devir social.
Os povos originários desse país há milênios mantêm um modo de vida sustentável e em equilíbrio com a natureza. O genocídio sofrido por esses povos resultou na transformação deletéria da natureza, que dessa forma paulatinamente vem acarretando um grande risco de desequilíbrio do meio ambiente, irreversível para o planeta.
A gênese de todos os malefícios está exatamente no modo de sociedade e de vida impostos pelos colonizadores, desde sempre.
Por isso gosto de raízes. Impossível não gostar das raízes, as que alimentam o corpo, as que elevam a alma.
A todos é dado conhecer as contradições de classe, a buscar a superação adversa, tornar o seu meio social equilibrado, comum. Não há transformação sem modificar a semente, sem corporificar as ideias, sem extensão de pontes.
Por isso gosto das raízes, das sementes, almejo sua frutificação, anseio o desabrochar das flores na primavera.
Wagner Bomfim.
04/05/2025.
Excelente! Os transgênicos, frutos da ciência humana, numa metáfora aos dilemas atuais no contexto exposto, podem ser uma avaliação. Meu amigo Vagner, pra não variar, inspirador!